Whats wrong with nutritional epidemiology and how we talk about it
comentada em 31/08/2018 14:31

este ai foi dos piores
eu ainda era medico e o pessoal usava isso para se tornar totalmente alcoolatra

Eu li esse artigo na semana passada e tb entendo dessa forma. O que os dados apresentaram é óbvio. A mortalidade aumenta com níveis crescentes de consumo de álcool. Mas ao invés de descrever essa conclusão eles preferiram olhar a outra ponta para dizer que nenhum nível é seguro e dessa forma ganhar maior atenção midiática. 
 
Não é que essa conclusão esteja errada no artigo. O errado é como ela é descrita. No caso eles poderiam ter descrito que não foi encontrado nesse estudo evidência de redução de mortalidade em pessoas que consomem baixas doses de bebida alcoólica. Eles preferiram criar uma frase impactante inversa mas que tem sentido diferente. 
 
Esse problema acontece de forma geral com a imprensa nesse tipo de notícia e escrevem a matéria como se o que um determinado estudo tivesse resolvido uma questão científica e que agora todos concordam com aquilo. Escrevem: cientistas concluem que ovo faz mal. Ao invés de escrever: em um estudo científico pacientes que consumiam mais ovo apresentavam aumento de colesterol (ou algo parecido). Em outras palavras é o resultado de um estudo. Não é consenso. 

Agora o autor da matéria crítica o fato dos estudos serem observacionais na área. Mas a meu ver não há como se criar evidências melhores. Não seria possível eu pegar um grupo de indivíduos, randomizalos e alocar um grupo pra tomar bebida alcoólica e outro pra tomar placebo e depois acompanhar esses dois grupos por 30 anos. Isso é impraticável em vida real. Portanto o estudo observacional é a melhor evidência disponível para essa situação.

Essa área de epidemiologia nutricional precisa de mais estudos sérios e com conclusões baseadas em dados.

Tinha toda uma indústria de revistinhas coloridas de desinformação nutricional nas caixas de super, agora nos blogs, ficou ainda pior. Mesmo quando dizem que as pesquisas são inconclusivas o estrago está feito; as imagens falam mais alto

Pelo que eu entendi, o estudo observacional não permite conclusões gerais de longo prazo. Logo, não faria sentido, por exemplo, dizer para uma pessoa consumir mais ou menos ovo por causa de um estudo observacional, especialmente um estudo isolado.

Na prática, poderiam muitas vezes ocorrer estudos contraditórios, que chegariam a conclusões bem diferentes e aí não haveria evidência alguma. Por outro lado, se vários estudos observacionais tivessem resultados similares ao longo dos anos, com diferentes perfis de pessoas, então a evidência ficaria mais consistente.

Entendi certo?

Exatamente @oxe e é disso que vem a grande confusão. Pessoas achando que os cientistas não se definem. Que uma hora acham que o ovo é bom e outra hora acham ruim. 

Na verdade o desenho do estudo observacional vai fazer com que resultados contraditórios apareçam. Ou pq o grupo de pacientes estudados era diferente, ou pq o consumo era variado e por varios outros motivos. 

Como eu não tenho como fazer estudo duplo cego, randomizado com alocação oculta para avaliar alimentação das pessoas esse tipo de variação vai acontecer de forma natural.

Essas capas ficaram famosas 

Muito legal essas capas. Eu não lembrava disso. 

1984 - 1999 - 2018.. Eating an Egg a Day May Keep Heart Disease Away, a New Study Says
Time maio

Aí fica uma histeria o tempo todo... que tal alimento é bom, tal alimento é ruim. 
Ainda aparecem espertos pra se aproveitar da desinformação e confusão de informações que é criada.
O interessante é que os profissionais (aqui falando dos nutricionistas) que se afastam da manada e embasam as prescrições/recomendações em evidências científicas não estão confusos ou indecisos como falam por aí.

há várias décadas atrás vi uma manchete em um jornal no Brasil:  "Comer peixe com alface causa câncer!"
imagina um caboclo desinformado lendo isso? "por isso que só como coxinha e biscoito!"

nunca mais dei atenção à isso.  Observo à distância a evolução da área, mas posso afirmar que minha vó falecida aos 102 anos tinha mais sabedoria em relação à saude do que a maioria dos  "estudiosos" da área.
ela sempre dizia "Coma de tudo menino, não seja luxento, assim vc não vai ter vermes nem sezão"

A questão é que a imprensa e até mesmo a comunidade da área de saúde em geral não faz distinção entre o grau de evidência de cada estudo que se aprecia. Trata todo tipo de estudo como se tivessem o mesmo grau de evidência. 

Os estudos observacionais permitem que levantem hipóteses, mas não permitem que se prove causa e efeito, por isso é possível que um estudo observacional desminta um anterior. O mais alto grau de evidência científica viria de ensaios clínicos randomizados, esses sim capazes de estabelecer causa e efeitos, ainda mais se houver uma metaanálise de vários ensaios realizados sobre um mesmo assunto. 

o q ocorre é que a imprensa não faz a distinção e daí fica uma loucura, cada hora recomendando-se uma coisa ou outra. 

o pessoal insiste na luta do BEM contra o MAL.
resumem em "isto é bom" ou "isto é ruim"

o mesmo alimento pode ser bom para uma coisa e ruim para outra.
ou bom para uma pessoa e ruim para outra.

ou simplesmente, ter suas "vantagens" e "desvantagens", nao ser vilão nem herói.

O que o @Fascar disse é verdade. Grande parte da comunidade de saúde não sabe fazer distinção de nível de evidência. Chega ao absurdo de profissional dizer: "os estudos dizem que remédio X é ruim, mas eu tenho um paciente que toma o remédio X há 30 anos e nunca teve nada"

O estudo de um caso é um dos níveis mais baixos de evidência.



Até mesmo a opinião de especialista é considerada um nível mais baixo de evidência. E o ideal é que se utilize na prática clinica o nível mais alto disponível de evidência.

No caso da epidemiologia nutricional é pouco provável a existência de estudos na parte da pirâmide em que se encontra os estudos experimentais. A melhor evidência disponível será observacional e é necessário entender que este tipo de estudo tem risco de viés simplesmente pelo desenho dele.

Eu sigo meu bom senso.

Se me falam que 1 taça de vinho por dia é seguro, eu não sigo. Não por que não confie no estudo, mesmo que confie, mas por que beber algo que vicia todos os dias não me parece uma atitude inteligente

a minha primeira recomendação é a mesma do @Bastter para os investimentos:
AFASTE-SE DA MANADA
temos de fazer nossas escolhas, sempre optando pelo mais simples e conhecido.
o que realmente é comprovado? comer pouco em cada refeição, com muita variedade, principalmente vegetais, evitando o máximo possível alimentos muito processados.

agora quanto às pesquisas nessa área eu só vejo duas formas delas poderem ser realizadas com real acurácia:

Uma delas dependeria de ser possível criar partes de organismos humanos para testes, de preferencia que possam ter desenvolvimento acelerado, mas acho que estamos muito longe desse nível ainda.

A outra forma seria com o uso de simulação, ou seja, criando-se modelos REALMENTE fidedignos a organismos biológicos virtualmente e rodar iterações de forma que uma pesquisa que precisaria ser feita em décadas por meios reais, pudesse ser realizada em horas.

Acredito que essa última forma está mais próxima da realidade em um futuro razoávelmente próximo. A primeira nesse momento mais parece ficção.

PS: o @Bastter vai ler isso e como sempre vai dizer "o mundo encantado do sun135..."

[huhu][huhu][huhu]

eu resolvi isso levando a diversificação e o bom senso para os alimentos

- tento evitar o q eh obvio que faz mal - processados, industrializados, farinaceos, alccol, etc

- tento comer o q parece q eh bom mas sem exageros malucos - legumes, verduras, frutas, etc

- vario bastante os alimentos comendo de tudo um pouco e pouco de tudo

quando tenho duvida vario os tipos
exemplo alface fica uma discussao imensa aqui
entao eu como normal, organico e hidroponico cada vez compro um deles, se inventarem um quarto eu começo a comprar tb
assim se algum for ruim eu nao vou pegar o ruim demais dele pq vario

- as vezes como o q eu gosto e danesse

O FAQ de alimentação aqui da area é MUITO bom

@FlyCavok essa é outra questão. Evitar o gatilho. Isso nunca vai entrar em estudo.

Eu deixei de tomar bebida gaseificada (mesmo as zero calorias) porque eram gatilhos para tomar o refrigerante normal.

Em relação a manada é pra ignorar mesmo. 

O sensacionalismo em cima de pesquisas na área nutricional é clássico. "não sei o que causa câncer!!!", aí você vai ver o estudo é em Ratos que comeram o equivalente ao próprio peso de margarina pura durante um longo período e a chance aumentou 1%. Mas o blog/jornal/site precisa de cliques, então vale tudo 

ovo e café muda todo ano hehehe

@Sun135 é possível sim e até já ouvi falar de alguns modelos assim, mas para dieta não dá. Teria que criar um organismo inteiro. A complexidade é alta demais.

Em comparação, pensa assim: Não tem como simular o impacto de um combustível só analisando o comportamento da vela de ignição. Só é possível olhando o motor inteiro funcionando...

Então o serumano fosse ser avaliado, teria que ser como um todo... sem excluir nem as unhas! Aí complica modelar.

Ainda que produzam um organismo artificial muito parecido com o seromano, não sei quão reais seriam os resultados... O psicológico do seromano é sem igual (até o momento)!!!
E o "danesse" do @Bastter também faz parte da alimentação saudável (AS VEZES comer o que está com vontade independente de ser o melhor).