Tribunais investem em robôs para reduzir volume de ações
comentada em 07/11/2019 10:06

Essa não é a tendência mediata, é já a realidade imediata. A automação na área jurídica já está sendo implantada. Quem não se reinventar, vai ficar obsoleto.

AI não vai induzir mais decisões que um assessor hoje induz. Quem trabalha na área sabe que, tirantes algumas exceções, a maioria das decisões é produzida pelos assessores a partir de modelos mais ou menos prontos. O juiz só manda mudar se ele realmente se importar com o assunto (ou se tiver errado). E, quando manda mudar, quase sempre é apenas questão de atualizar o modelo (coisa que um AI poderia fazer).

Quanto a vírus, etc, não faz diferença. O juiz ainda vai ter que assinar, uma decisão com vírus é basicamente a mesma coisa que uma decisão "ruim" do assessor (que, supostamente, o juiz conferiria e mandaria mudar ou mudaria ele mesmo).

O ponto aqui é que a AI não vai substituir os juízes (pelo menos não num primeiro momento). Ela vai substituir (ao lado de várias outras mudanças paralelas, como o processo eletrônico, a automação da expedição de documentos, etc) os servidores (assistentes e assessores). Os juízes só serão afetados na medida em que não será mais necessário contratar tantos juízes, já que um mesmo juiz pode conferir mais decisões se apoiado por uma AI (até porque mais decisões serão produzidas na mesma unidade de tempo).

Eu nem entro tanto nas filigranas do processo, que já está em curso por sinal, como bem disse o oxe.

Não há argumentação que me convença de que a morosidade perniciosa do atual processo judicial brasileiro não deva ser combatida com canhões atômicos.

@oxe dentro do judiciário como vc vê a possibilidade de se reinventar ?
Acredito que caso chegue nesse ponto de os assistentes e assessores não serem mais necessários a única solução seria cair fora do Estado e fazer outra coisa.

@RiquinhoRico

Dificilmente esse processo vai ser instantâneo. O mais provável é que os profissionais mais qualificados permaneçam, elaborando os modelos que alimentam o sistema, conferindo as peças e decisões, elaborando pareceres e decisões para situações inusitadas, etc.

Além disso, deve surgir a demanda por um profissional intermediário, que entenda de Direito e de programação/sistemas informatizados. Alguém pra criar as soluções informatizadas, atualizá-las, corrigir bugs, etc. O programador por si só não entende o suficiente de Direito pra verificar essas coisas sozinho e um profissional externo não seria tão confiável quanto um servidor experiente pra atender às necessidades de cada órgão.

Outra coisa, sempre haverá espaço pra atendimento ao público (e qualquer atividade de contato humano), pra administração de recursos (contratos, etc), pra atividade de secretaria (agendamento, ligação, resolver problemas de expediente, etc).

Não é que a demanda vá desaparecer, pelo menos não assim, rapidamente. A demanda vai só reduzir bastante, só os melhores sobreviverão porque um fará o que hoje vários fazem. É possível, por exemplo, que, ao invés de um assessor por juiz/membro, sejam criadas salas de assessoria, em que os assessores trabalham por demanda para vários juízes/membros indistintamente.

E, se você for da área jurídica, sempre pode virar juiz/membro.

A minha forma de colaborar com tudo isso é passando longe do judiciário.

Evitem rolos, paguem pela paz e deixem o monstro pequeno. Ato mais ações mais importante fica.

A minha parte tenho feito.

@oxe Boa noite! Como voce ve isto na justiça estadual de SP e MG... em MG o sistema PJE é instável e o tribunal parece ser bem lento para se modernizar... vc tem conhecimento como está isto no TJSP? parece que um contrato bilionário com microsoft foi barrado.... o que vc acha? Minha critica em relação a isto é a falta de coordenação entre os orgãos de justiça...

@L_a_w_y_e_r

Muitas tecnologias pra aumentar a produtividade já estão sendo implantadas, em graus diferentes, no Brasil inteiro, mas não sei como o impacto vai ser distribuído.

Em geral, acho que no curto prazo a tendência deve ser de reduzir contratação de novos servidores (até por questões orçamentárias) e de absorver essas tecnologias no lugar. Só não sei como isso vai se dar em cada órgão específico.

O problema do judiciário brasileiro, além da questão das leis processuais do século passado, é o baixo número de juízes.

Há muitos servidores (205 para cada 100.000 habitantes) e poucos juízes (8 para 100.000) em comparação com outros países.

Isso ocasiona o congestionamento de processos "conclusos para decisão". Os servidores deixam o processo prontinho, mas os juízes não conseguem dar vazão no ritmo de novos processos e vai se formando o estoque.

A quem interessar: 

A insustentável lerdeza do nosso Judiciário | Superinteressante

Sou servidora pública em SP. Já estou de olho em uma pós em direito digital. O serviço público precisa mudar, se atualizar e cortar gastos!