***Disclaimer: esse não é um tópico pra criar polêmica ou pra pedir orientação médica***
Meu único objetivo é ouvir um pouco sobre o assunto daqueles que estudam e entendem/dominam.
Pesquisando sobre diretrizes, vi que tanto os EUA quanto a Europa já deixou de indicar há anos o uso de estatina para pacientes com colesterol LDL <190 mas de baixo risco (não fumantes, sem pressão arterial elevada, novos, sem histórico familiar, etc, tem até calculadoras pra isso).
O argumento é direto: faltam evidências científicas que comprovem o benefício da droga nesses pacientes (diferente do que ocorre em prevenção de eventos secundários ou em pacientes com risco >10% na calculadora)
No Brasil, a diretriz é que se o sujeito for de baixíssimo risco (<5%), o LDL deve ser mantido idealmente abaixo de 130. Claro que existe uma avaliação médica subjetiva, mas é possível (e acredito que até comum) receitar estatina para um menino de 15 anos com LDL 150 sem qualquer outro fator associado por mero objetivo numérico.
É sabido também que o colesterol tem uma carga genética enorme. Eu e minha esposa, por exemplo, temos a mesma alimentação e estilo de vida e nossos números são surrealmente distintos.
Dito isso: como pode uma sociedade de cardiologia considerar não haver evidência suficiente e outra entender que sim? Evidência não é evidência em qualquer lugar?
Outra coisa, nas diretrizes brasileiras, 80% dos médicos participantes ou mais possuem conflito de interesses declarados (não quero levantar teoria da conspiração, apenas apontar possíveis vieses) por já terem sido empregados ou patrocinados pelas empresas.
O mundo todo vem mudando o entendimento sobre o colesterol como fator preditor de risco, quando isolado, mas no Brasil a coisa é um pouco diferente. O que nossos cardiologistas/endócrinos vêem que o povo da gringa não? E os riscos associados ao medicamento (sempre existem)? Não deviam ser colocados na balança?
Espero que o @bastter não tranque o meu tópico, então colaborem não citando casos pessoais, não dando recomendações que possam ser mal interpretadas nem invocando gurus e teorias de internet. Minha pergunta é: com base no que temos de pesquisa de alto nível, qual ganho uma pessoa totalmente saudável (sem qualquer outro fator associado) e LDL <190 pode, em tese, obter reduzindo esse número - com auxílio medicamentoso (pro resto da vida, diga-se) - para os níveis estipulados pela SBC (<130)? E porque as evidências são tão distintamente interpretadas?
NÃO ESTOU PEDINDO ORIENTAÇÃO MÉDICA, APENAS QUERO ENTENDER O TEMA!!!
@Stoic