Abro o tópico com uma pergunta real.
Sempre que fazemos alguns estudos aqui há o questionamento sobre o viés de sobrevivência. É comentado que "não leva em conta as empresas que saíram da bolsa", isso sempre é comentado tendo em vista as que falharam, faliram, sumiram, etc. É óbvio que as maiores empresas da bolsa vão mudando, que as listadas nos íncides de 30 anos atrás não são as mesmas, etc, mas todas faliram? Isso é sempre negativo?
A experiência prática que tive até agora, o conhecimento empírico, me leva para o outro lado, um pouco mais positivo.
Nenhuma empresa que já passou por minha carteira e piorou saiu da bolsa, tanto as que vendi quanto a que ainda permanecem em quarentena. Sabe o que saiu da bolsa? Várias empresas boas da carteira saíram, pagando prêmio ao acionista ($$$).
Hoje a primeira ação da minha carteira de stocks foi comprada. Um ganho alto frente a quanto comprei (mas eu preferiria continuar sendo sócio dela, mas não vai ser possível, todos acionistas receberão a venda em cash) e de +57% frente à cotação do dia anterior. Com o dinheiro que receberei me tornarei sócio de outra empresa.
Então tendo a pensar que o viés existe, mas qual vai ser o resultado líquido dele depende da sua carteira! O fato de uma empresa sair da bolsa pode ser positivo, aumenta seu patrimônio, ou negativo, você que escolhe.
Se você só tem lixo na carteira, é óbvio que vai ser prejudicado pela saída de empresas da bolsa: volta e meia alguma vai sair por falência e liquidação e seu dinheiro vira pó.
Se você tem empresas boas, vai "sofrer" também com empresas saindo da bolsa, mas vai receber um bom dinheiro por isso, pois como elas são boas quem pretende comprar ela inteira sempre paga um prêmio por elas (sem prêmio os sócios não iam se desfazer, pois são boas!). Redecard, Souza Cruz, CETIP, Bematech, eram todas empresas boas aqui no Brasil que saíram da bolsa dando um bom resultado ao acionista enquanto existiram e pagando um "bônus de despedida" na forma do prêmio pago por quem comprou ou fechou capital. Você pega esse dinheiro e compra mais ações de outras empresas boas. No final das contas a experiência com essas empresas boas que saem da bolsa aumenta seu patrimônio.
Tudo isso estou falando empiricamente, mas é bastante lógico. Se a sua carteira tem empresas boas elas vão despertar interesse de alguém que deseja comprar, se fechar o negócio você é obrigado a vender mas ganha com isso. Já empresas ruins raramente são compradas, algumas ficam décadas fazendo hora na bolsa antes de falência total + liquidação + cancelar registro. Enquanto não são OBRIGADAS a sair da bolsa vão permanecendo lá, pois só o CNPJ listado sem ativo nenhum já vale alguns milhões (útil para IPO reverso).
Além do que foi comentado, há a questão da durabilidade das empresas, não no sentido só de sair da bolsa mas durabilidade de RESULTADOS e as fases de crescimento, maturidade e morte, muito difícil a empresa ficar no topo para sempre. Mas considerando que o horizonte do pequeno investidor nunca vai muito além de 40 anos e o fato da carteira ir sendo ajustada ao longo do tempo, é algo menos relevante. O principal é ajuste: pega os proventos das empresas maduras e vai investindo em uma carteira diversificada, incluindo empresas menores com ótimos números e crescimento.