“A armadilha do ódio é que ele nos prende muito intimamente ao adversário.”
Milan Kundera, A Imortalidade
Guardar, cultivar o ódio e o rancor é uma das piores coisas que alguém pode fazer contra si próprio. Os seus efeitos negativos na saúde são bem descritos no artigo “Ser reativo e negativo definitivamente faz mal à saúde!” escrito pelo @Bastter na última edição da revista Bastter Blue (12/2019), ao qual fico feliz em ter contribuído. Isso é muito preocupante em tempos de tanta intolerância e de projeções das nossas frustrações nos outros.
Entretanto, além da causar um dano imenso à saúde, guardar o ódio e o rancor podem detonar o seu processo de enriquecimento. TODOS os pilares da filosofia Bastter, com a qual nos identificamos, podem ser comprometidos nas pessoas que estão presas em um estado ódio.
O custo de oportunidade em guardar rancor: você vai estudar, trabalhar e criar menos, e por consequência, poupar menos!
Este conceito é abordado pelo Prof. Michael McCullough, da Universidade de Miami, no artigo “Why Your Brain Can't Let Go of a Grudge” de George Dvorsky. Para termos rancor, é necessário ruminarmos sobre assunto, muitas vezes até de forma compulsiva, o que consume muito do nosso tempo e muito gasto de energia no nosso cérebro. Neste processo, cientistas observaram, em estudos com ressonância magnética, o envolvimento de muitas estruturas cerebrais incluindo a córtex pré-frontal medial (tomada de decisão e recuperação de memória), o hipocampo (consolidação de informações e conversão de memória de curto prazo em memória de longo prazo), a ínsula (uma pequena parte do cérebro ligada à emoção e ao vício) e o córtex cingulado (várias funções que envolvem emoções). Segundo o Prof. Michael McCullough, esses pensamentos ocupam muito “espaço no disco” e são custos de oportunidade, o que significa que há um bilhão de outras coisas em que você não pode estar pensando e criando.
Você vai descuidar da sua família!
Dentre os custos de oportunidade apontados pelo Prof. McCullough, está o fato de que você pode não pensar (valorizar e cultivar) nos bons relacionamentos que tem atualmente, o que incluiu a sua família. Guardar rancor pode também prejudicar ORUTUFs relacionamentos.
Você vai vender no fundo!
Um dos fatores mais importantes no processo de enriquecimento é evitar o giro do patrimônio, mantendo os seus investimentos em valor por muito tempo. Pessoas com raiva ou rancor são ansiosas, impulsivas e mais propensas a tomar decisões irracionalmente (Bacharach & Lawler, 1981; How Anger Poisons Decision Making, HBR), o que pode aumentar a probabilidade de venda dos seus ativos por qualquer motivo, especialmente em tempos de crise.
Você vai praticar menos esporte!
Não perdoar é um fardo para a nossa capacidade física. Em um estudo, as pessoas induzidas a sentir perdão tiveram mais facilidade em realizar exercícios físicos (perceberam que as colinas eram menos íngremes e saltaram mais alto em testes de aptidão ostensiva) do que pessoas induzidas a sentir “falta de perdão” (Zheng, 2014). Por outro lado, a prática de exercícios aeróbicos e de flexibilidade (ioga e pilates) facilitou o autocontrole sobre rancores e a capacidade de perdoar (Sthruters, 2017).
E é claro que vai impedir você de atingir a #PAS!
Como superar o rancor?
Desenvolvermos a nossa capacidade de perdoar, criar empatia e a gratidão são fundamentais. O artigo escrito pelo @Bastter apresenta algumas alternativas para atingirmos esses objetivos. Além disso, como mencionado anteriormente, a prática regular de exercícios aeróbicos e de flexibilidade aumenta a nossa capacidade de perdoar. Excelentes resultados também tem sido observados com a prática da meditação, especialmente a meditação compassiva (veja:
Compassion Meditation | Practice
| Greater Good in Action).
Referências:
Why Your Brain Can't Let Go of a GrudgeHow Anger Poisons Decision MakingSAGE Journals: Your gateway to world-class journal researchExercise Helps Overcome Grudges and Encourages Forgiveness - Study - Psychologist WorldFrontiers | Fit to Forgive: Effect of Mode of Exercise on Capacity to Override Grudges and Forgiveness | Psychology