Berkeley Software Distribution - BSD
Como o desenvolvimento do Unix foi realizado muito mais como uma solução para um problema, no caso rodar aplicação em um sistema modesto como o PDP-11, do que a criação de um novo produto, além dos problemas de copyrights que apareceram no meio do caminho da Bell Labs e a distribuição de códigos para diversas universidades, era de se esperar que diversos clones do sistema operacional começassem a aparecer.
Um dos primeiros casos, foi o UNIX System III, da própria AT&T, que nada mais era que uma atualização da sétima versão Unix com suporte empresarial. O System III foi apresentado em 1982, mas desde 1978 um outro variante do Unix já estava em desenvolvimento na Universidade de Berkeley, quando Unix ainda estava em sua quinta versão.
Como comentado anteriormente, em 1974, o Unix foi apresentado ao mundo em sua quarta versão e sua quinta versão começou a ser licenciada pela Bell Labs para universidades. Uma das universidades que adquiriu o sistema foi a de Berkeley. Em 1975, Ken Thompson permaneceu como Professor Visitante em Berkeley, mesma universidade onde tinha se formado 9 anos antes, tirando um ano sabático da Bell Labs.
Durante esse período ele ajudou a instalar o Unix, já em sua sexta versão em uma máquina, a primeira que ficaria exclusivamente com o sistema. Neste mainframe, alunos da universidade desenvolveram um compilador PASCAL e uma série de outros programas, como um editor de texto. Em 1978, esse conjunto de novas aplicações estava robusto o suficiente para ser distribuído, desta forma, surgiu o 1BSD que nada mais era que o Unix, em sua sexta versão, mais os aplicativos desenvolvidos pela Universidade de Berkeley, o que é muito parecido com o modelos de desenvolvimento das atuais distribuições de Linux.
As versões subsequentes do BSD apresentariam diversas inovações, entre elas a criação do vi, e alterações no Kernel [1]. O desenvolvimento contínuo desta "versão do Unix" teve um impulso quando no final de 1979, a DARPA, organização militar de pesquisa americana, procurava um sistema operacional para generalizar os equipamentos que compunham a rede de pesquisa CSNET.
Esta versão, lançada em Outubro de 1980, com o nome 4BSD, seria uma das mais famosas já lançadas, sendo uma das responsáveis pela popularização da ARPANET, rede de qual se originou a Internet. O conjunto de protocolos, que hoje compõem a Internet, surgiram primariamente, neste sistema operacional. Apenas a título de curiosidade, a versão 4.2BSD, já possuía os protocolos TCP/IP implementados nativamente, o que acelerava o processo para o acesso de novos computadores a rede de pesquisa, sem a necessidade de compilação ou adição de módulos ao sistema operacional.
O desenvolvimento do BSD foi tão intenso, que as próximas versões do Unix da AT&T, tanto do sistema de pesquisa, como da versão proprietária, mesclaria códigos com o do sistema da Berkeley. A versão 4.3BSD foi tão usada pela universidades, que acabaria selecionada pela Information Week como o software mais importante já desenvolvido em 2007. Porém, licenças de software livre não eram padronizadas nesta época e o BSD teve diversas disputas judiciais com a AT&T sobre as contribuições e alterações realizadas no código do Unix.
Desta forma, a última versão lançada do BSD acabaria sendo a 4.4. Além disso, disputas judiciais pavimentaram o caminho para a criação das licenças de software livre, em contraste com o padrão da época, que era o desenvolvimento de código sem direitos autorais, o que como vimos, gerava diversos processos judiciais. A licença BSD, uma das primeiras de software livre, lançada em 1988, assim como a licença GNU de 1989, são resultados desse movimento.
Em razão destas licenças, códigos precisaram ser reescritos, retirando todo aquele que era proprietário da AT&T, e disso surgiram diversos projetos que hoje mantêm a essência deste sistema operacional, entre eles o FreeBSD, o OpenBSD e o Darwin, apenas para citar alguns. Ainda hoje, o Darwin continua sendo o Kernel dos sistemas operacionais macOS e iOS da Apple e nos videogames PlayStation 4 e Nintendo Switch vemos variações do FreeBSD.
[1] O Kernel é a parte mais importante do sistema operacional, sendo a primeira a ser carregada pelo computador, sendo também a ponte de acesso entre as aplicações e o hardware.
Bibliografia
Tanenbaum, A. S. (2008). Modern operating systems. Upper Saddle River, N.J: Pearson Prentice Hall.
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