"Um aspecto importante da meditação é reunir a sua fé de que o fato de
“prosseguir” não irá fazê-lo. Em outras palavras, se a segurança e a validade desse curso
não forem claramente divisadas no início, sua ausência de inclinação para experimentar
sentimentos dolorosos vai inadivertidamente levá-lo a fabricar uma dúvida artificial sobre
a segurança do processo. Junto com esta vem uma ilusão artificial de que é possível evitar
o “prosseguimento” e, ainda assim, atingir a integração, a saúde e a vida plena. O ato de
evitar os sentimentos sempre cria esses paradoxos dualistas de falsa dúvida e de falsa
esperança.
Muitos anos atrás, numa palestra chamada “O Abismo da Ilusão”, eu disse que o
Pathwork de auto-realização e unificação contém muitos pontos críticos nos quais é
preciso deixar a personalidade cair naquilo que parece um abismo sem fundo. A queda
nesse abismo ameaça aniquilar a entidade. Eu afirmei que até um certo ponto de evolução
individual, a pessoa encolhe-se à beira desse abismo, segurando-se e nao ousando saltar.
A pessoa nesse estado fica muito infeliz, mas ainda acredita que a falsa segurança dessa
posição tensa e medrosa é preferível ao aniquilamento. Somente depois de ter reunido
bastante confiança para arriscar o salto é que a pessoa pode descobrir que na realidade ela
flutua. Muitos momentos críticos como esse sao necessários para que se descubra sempre
novamente que o salto é seguro."
Trecho do livro Não temas o mal,capítulo "A dissolução dos meus medos"