Tenho um causo triste pra relatar aqui mas que pode servir de alerta pra outras pessoas. É algo que tá na linha do que costumamos dizer por aqui e que o Bastter vive dizendo, de não perder por causa do dinheiro coisas que o dinheiro não compra.
Tenho um parente idoso que tem diabetes há muitos e muitos anos. É divorciado e tem uma filha.
A filha nunca ligou muito pra ele. Aquela história de pais separados e um dos pais faz a cabeça do filho contra o outro.
Por ter uma doença séria, nunca cuidou muito. Sempre foi de ir a um único médico, um cardiologista, que, dizia ele, "entendia de tudo", e por "entender de tudo" ele não precisava procurar um endocrinologista pra cuidar de fato do diabetes.
Ele sempre morou isolado, no apartamento dele, e de vez em quando os irmãos o viam.
Há alguns anos, pela saúde mais debilitada, os irmãos procuraram tentar prestar mais assistência pra ele. Insistiram para que ele fizesse plano de saúde e ele sempre vinha com o discurso de que tinha muito dinheiro na poupança (que nem era tanto assim) e que poderia pagar por qualquer internamento.
Além disso, insistiram para que ele deixasse o apartamento dele onde ele morava (na cidade vizinha), alugasse pra alguém, e buscasse alugar um apartamento mais perto dos irmãos, a fim de ter mais pessoas que pudessem prestar assistência a ele. Ele também não quis pois dizia que tinha apartamento já, não teria motivo para alugar outro se já tinha um canto pra ele.
Os irmãos descobriram depois que a intenção dele era manter uma herança para deixar para o neto, filho da filha que não liga muito pra ele.
Recentemente descobriram que ele tá com câncer de próstata. Só foram descobrir porque o porteiro do prédio onde ele morava ligou para os irmãos avisando que ele tava muito mal. Ele sempre escondeu a saúde dos irmãos, é muito orgulhoso.
Pois bem, agora ele depende da saúde pública pra tratar. Mas a doença já estava em um estágio avançado. O quadro dele já era um quadro mais debilitado, de anemia decorrente de hemorragias no trato genitourinário, de próstata com tamanho elevado. Recentemente uns exames apontaram metástase em outros órgãos.
Os irmãos dele foram relatar a saúde pra ex-esposa e para a filha e a única coisa que disseram foi que ele devia vender o apartamento dele e dar a parte da herança do neto. Depois disso notaram um certo arrependimento pela decisão de ter segurado o dinheiro pra herança.
Hoje ele definha dia após dia, com uma doença em um estágio que não tem mais muito o que fazer e dependendo de saúde pública pra ter um fim de vida mais digno.
A moral da história não é julgar a vida de ninguém mas mostrar como em vários pontos da história ele deixou coisas mais importantes que dinheiro de lado pra preservar um patrimônio que hoje não vai mais salvar a vida dele.
E é fato que ninguém muda a cabeça de ninguém, cada um é responsável por suas decisões, mas ver um parente próximo definhando por decisões erradas da vida é bastante triste.
Fica a lição de que:
- existem infinitas coisas na vida mais importantes que dinheiro;
- plano de saúde é "must have";
- não perca por dinheiro coisas que o dinheiro não compra.