Dificuldades para tratar de pacientes...
comentada em 27/10/2020 13:45

Também tenho esses questionamentos! Algumas coisas que me ajudam:
- estudar CNV (Marshall rosemberg) pra aumentar a empatia e não ficar julgando ozoto
- fazer muitas perguntas e de variadas formas... (acho que é mais útil que aconselhar e "professorar")
- quando  vou "contrariar" pergunto ao paciente: "você quer saber minha opinião?"
-ter em mente que algo que vc fala pro paciente hoje, mesmo que a principio ele não goste, pode ter um resultado positivo daqui 10 anos

Caraca nao sou o unico ......  vou  esperar  pela ajuda também ......

mudança de habito, parar de fumar, emagrecer etc tende ao fracasso
muito mais vao fracassar do q vencer nao importa o q vc faça

o q vc tem de fazer eh dar o seu melhor
estudar bastante
estar antenado com o tratamento mais eficiente
e compreender seus pacientes, nao julgar

e entender q sucesso nao eh soh quando eles param com os mal habitos
ha graduaçoes de ajudar
tive paciente q nao emagreceu mas começou a praticar esporte 
tive paciente q nao parou de fumar mas passou a fumar menos
tive paciente q nao parou de fumar mas q eu fiz diagnstico precoce de tumor de colon

faça o seu melhor
nao julgue os pacientes
ajude como puder

o resto nao depende de vc

Muito obrigado!!! Era bem nessa linha que @Ortoprevent e  @Bastter falaram que eu venho tentando/praticando. Uma sugestão para os colegas também é estudar técnicas de Entrevista Motivacional existem vários livros do tema...

O Drauzio Varella tem uma abordagem sobre esse assunto:

Pedir para "parar" é um equívoco. Lembre da autonomia do paciente. Muitos Médicos se frustam por não conseguir mudar os outros... 

Sugestão: Fale para ele sobre os  RISCOS: de fumar, de ser obeso, etc. E OFEREÇA ferramentas para ele se tratar. E dos BENEFÍCIOS de não fumar, ser magro, esportes, etc.

Faça nessa parte o melhor que puder.

Médico adora MANDAR . Dificilmente isso dá certo.

mandar e julgar
nao devemos fazer nenhuma das duas coisas

tente compreender o paciente

esta q eh a diferença do bom medico

Se fosse fácil, não precisava ir no médico para resolver.

Mudanças de hábitos são difíceis. Tem muito material sobre isso, lembrei agora O Poder do Hábito que é um livro legal sobre isso.
Vai lendo sobre mudanças de hábitos, psicologia comportamental, coisas do gênero, só evite coisas sem referências para não cair em fake news.

Lembrar que cada paciente é um paciente e cada problema é um problema. A mesma abordagem não funciona para todos, e as vezes a mesma abordagem funciona em momentos diferentes.

Algumas coisas que me ajudaram nessas dúvidas:

Deixar a pessoa trazer a duvida primeiro. Um problema é melhor resolvido se a pessoa percebe como um problema. Então caso você atenda alguém que fuma, obeso, etc e esse paciente não tem queixas como parar de fumar ou emagrecer, inicie apenas perguntando "você já tentou parar de fumar", "já fez exercícios regulares", e daí segue porque não funcionou, porque desistiu, etc.
Depois de ter uma ideia de como foram as experiencia anteriores, numa consulta futura (ou final desta) você oferece ajuda "se tiver interesse em parar de fumar ou perder peso, eu posso te ajudar", para deixar espaço para o paciente pensar se quer mesmo mudar o hábito e não se sentir pressionada.

Procure se informar sobre controle de vícios, principalmente tabagismo e alcoolismo tem muito material técnico sobre o tema. Quanto melhor informado você estiver, mais chances tem de ajudar.
Essa parte é muito extensa mesmo e vale a pena estudar, nem vou tentar abordar. As causas do vício, os gatilhos do vício, as rotinas, o efeito viciante de cada vício, aprendendo sobre isso você pode identificar o que afeta mais e qual tática tem mais chance de funcionar.

Lembre que a maioria das pessoas não consegue largar um vício e/ou tem recaídas. Então precisa ter paciência e focar em resiliência tanto sua quanto do paciente.

Dê uma olhada no material do Chris Voss também. 

@mimimi_nomore se os pacientes não te obedecerem dá uma voadora neles 

@mimimi_nomore

eu acho que cada paciente será único em sua carreira.
a "forma" de vc tratar cada um é escolha sua, pois depende do que cada paciente se propõe a fazer.

logicamente que tratar um paciente que não se propõe a "nada", fica difícil.
então acho que você deverá descobrir onde ele poderá cooperar mais fácil e começar por ali.

à medida que ele for cooperando, vc vai pedindo mais dele.
mas cada um terá seu limite diferente do outro.

se não conseguir que seu paciente coopere em "nada" mesmo, seu trabalho será somente fazer diagnósticos de doenças e tentar controlá-las como puder.

@mimimi_nomore

Sendo a pergunta sobre quem tem dificuldade em fazer essas mudanças:

-Se a pessoa não tivesse um problema não te procurava, não faz sentido achar que ela consegue lidar com a coisa sozinha. Se fosse fácil ela não precisava de você.

- A pessoa não conseguir contigo (assumindo que você sabe o que está fazendo) é melhor do que ela parar de tentar. Tem casos difíceis mesmo. Tem casos que o menos pior é o melhor que dá para fazer.

- Não precisa começar com a coisa em si (o cigarro, dieta, etc). Dá para começar mudando outros hábitos mais fáceis de controlar e que causam impacto positivo na saúde. Esportes, sono, leitura, redução do café, só dos doces, só do carbo etc. Autocontrole é  uma habilidade como outra qualquer quanto mais você faz, mais fácil de fazer.

- Busque a saúde global da pessoas. Mesmo que não de para zerar um hábito, sempre dá para melhorar um pedaço da vida. 200kg não cabe na poltrona do avião, 90kg cabe. 120kg não consegue andar sem esbaforar 100kg consegue. Compulsão alimentar causa culpa, ansiedade, vergonha. Mesmo que a pessoa não baixe muito o peso, se controlar a compulsão já ajuda muito. Tudo isso melhora absurdamente a qualidade de vida. Aprenda a ver os critérios de sucesso que vão acontecer na vida da pessoa. Ela provavelmente não vai ver.

- O grupo de apoio é muito importante. Não ignore a influência do circulo primário de contato da pessoa. Ajude ela a construir um círculo primário saudável. Para a maioria dos pacientes difíceis eu sou a única pessoa que cumpre esse papel por algum tempo.

- Esportes são mágicos pq colocam todas essas coisas juntas num lugar só. Eu prefiro procurar um esporte a procurar academia por causa disso, Academia não vem com tudo isso.

- Você só pode ser um profissional de saúde babaca se for o House, aí as pessoas vão ser obrigadas a te aturar. Mas por melhor que seja, e por mais que as pessoas te aturem você vai continuar sendo babaca. Não seja babaca.

- A falha da pessoa doí no corpo dela, a sua doí no ego. O trabalho é apoiar na falha mesmo.

Eu acho que a primeira coisa a se fazer eh convencer o paciente a preocupar se apenas com a opinião das pessoas que são próximos a ele, desligar Facebook, Instagram, e não usar o celular em casa e nos momentos de lazer, isso tem funcionado muito bem para diminuir a ansiedade dos pacientes.

@osteich o mecanismo compensatório é o consciente coletivo no estado patológico .

@mimimi_nomore é comum encontrar o paciente nao aderente, é tipo 30-40% deles, nesse contexto de cardiologia. Pra parar de fumar o buraco é mais embaixo.

Não sei se vc tem acesso, mas no Uptodate tem um capítulo a parte só disso, procure lá lifestyle modifications adherence, cobre bem o assunto. Mas é normal essa frustração e o problema é o paciente que continua nao aderente mesmo após várias intervenções, o que vc combina com ele daí depende de vc, tem gente que chuta o balde, tem os que insistem e tem (ou não) algum resultado.

Cara tive essa mesma dificuldade tempos atrás

Atendo em área de prevenção e promoção de saúde
A grande maioria dos paciente tem muitos obstáculos e todas as desculpas para nos contrariar
Dor, tempo, dificuldade, não gosto... você sabe né!?
É muito difícil a aceitação que esporte tem que fazer parte da sua vida, que você precisa se exercitar todos os dias, precisa dormir bem, comer bem, evitar ao máximo o uso de remédios
Mas o perfil da população é o contrário
Clama por cirurgias, medicações, atalhos, etc

Tente fazer seu melhor, oriente o que precisa ser feito e tente insistir mais em quem estiver disposto à conversar
A grande maior parte da população nem toma as medicações prescritas, quanto mais entrar no jogo de largar álcool, fazer esporte e mudar o padrão alimentar

Não ligue o DANE-SE, ajude ele da melhor forma possível
Se ele falar que não vai parar de fumar, tranquilo
Se ele falar que nunca vai fazer esportes, ok
Se vai seguir comendo porcaria todo dia, ok também
Prescrevemos as medicações e vida que segue