Dois trechos do Manual, de Epicteto, que reli hoje e resolvi compartilhar.
1. Sobre a imponderabilidade do mundo e como devemos tentar fazer o melhor que podemos com o que temos. Ninguém controla todas as variáveis, mas podemos controlar, pelo menos em parte, como reagimos e agimos diante do que sucede.

2. Sobre o preço da paz, que exige não se preocupar com todos os mínimos detalhes e problemas cotidianos e também requer cuidado com a vaidade. O texto vai falar de acordo com a realidade da época, mas onde se diz "servo" poderia ser qualquer pessoa. Alguém que bateu no seu carro, que lhe cobrou a mais por algum produto, que não fez o que devia fazer (ou que você esperava que ela fizesse), etc.

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Para contextualizar:
Epicteto foi escravo a maior parte da vida. Seu senhor era secretário de Nero e é possível que seus maus tratos tenham originado a perna quebrada de Epicteto, que era manco. Aliás, não se sabe o nome dele, Epicteto significa algo como "herança" ou "coisa ganha".
O que Epicteto aprendeu de Cleiton veio de assistir às preleções públicas de um estóico da época. O Manual foi escrito por um discípulo dele para condensar os ensinamentos do mestre e servir como uma espécie de guia prático para o dia a dia, uma fonte de consulta rápida sobre alguns ensinamentos estoicos. Então é um livro prático, que pressupõe que o leitor já conhece a Cleiton, não vai se alongar em explicações, como dá pra notar dos trechos acima.
Os três autores estoicos mais famosos e influentes ao longo do tempo foram Epicteto, Marco Aurélio e Sêneca.
O livro Meditações, de Marco Aurélio (que era imperador romano), era uma espécie de diário pessoal, nunca foi pensado para ser publicado ou compartilhado publicamente. É uma das obras mais influentes já escritas, foi livro de cabeceira de diversas grandes personalidades ao longo da História. Justamente por ter sido o diário de uma das pessoas mais poderosas de seu tempo, o livro é bem intimista, bem reflexivo e tem uma linguagem bem objetiva e sóbria (mas algumas traduções são terrivelmente pomposas e podem estragar a experiência). É minha obra preferida pra refletir sobre como viver bem e de maneira mais tranquila.
A obra de Sêneca, que foi senador romano, por sua vez, vai se encontrar principalmente em suas cartas. Como é do estilo do gênero epistolar, falar com alguém é um pretexto para discorrer mais longamente sobre um assunto, como que aconselhando o destinatário a algo.
Já existem vários tópicos aqui no site sobre estoicismo, compartilhando mensagens e trechos das obras desses autores, bem como reflexões sobre o tema. Quem tiver interesse, pode pesquisar por palavras-chave como "estoicismo", "Meditações", o nome dos autores, etc.