Eu devo confessar a vocês que estranhamente sempre achei esse comportamento meio macabro.... Meus primos viviam em bar e “sabiam” quem tinha sido traído ou não: contavam as histórias nos detalhes e caiam na risada.
A pessoa traída costuma estar numa situação de sofrimento. Sempre achei meio como falar: “Ei... A mãe daquele cara morreu.” E todo mundo cair na gargalhada...
Separação em um casamento é uma realidade. Mas me parece assunto triste e principalmente mais triste quando existem filhos do casal.
A medida que fui ficando adolescente e adulto jovem percebia que aquele comportamento de rir do traído, mesmo em menor escala, numa simples conversa entrecortando com um risinho era algo razoavelmente comum e normal. Principalmente se o traído era homem.
Atendi um dia desses uma tentativa de suicídio de um adolescente já polimedicado do ponto de vista psiquiátrico. Tinha sido traído pela namorada. Chegou grave. Quando o familiar relatou o ocorrido, a enfermeira que estava comigo não conseguiu segurar a gargalhada. Não me incomodou instantaneamente, mas sempre achei isso um pouco de “excesso de humor macabro”.
Rir da falência financeira alheia não costuma ser comum dessa mesma forma. Talvez apareça algum invejoso e fale: “Bem feito!” Mas nunca vi ninguém rir dessa situação.
1- O que explica esse repertório todo de comportamentos?
2- O individuo ri do outro para aliviar a própria tensão?
3- Por que rir do traído se ele não tem a culpa direta da execução da quebra de contrato?
(Rir da burrice de um político ladrão que foi pêgo com dólares na cueca é anedótico. Mas você meio está rindo dele porque ele merecia.)
4- O que provoca esse efeito de humor?