Em diversas passagens do livro "Meditações", de Marco Aurélio, ele relata a necessidade de enxergarmos as coisas (objetos, situações, pessoas, circunstâncias) como aquilo que elas são. Livres de julgamentos, internalizações e afetações. Como se fôssemos um cientista, observador da realidade, como ela se encontra.
Eu me pergunto e reflito como deve ser libertador chegar nesse estado de consciência em que você vê algo e o enfrenta exatamente como é. Sem fazer qualquer juízo de valor, nem se afetar com aquilo. Deixo abaixo um trecho que indica esse pensamento de Marco Aurélio:
(...) "Não são as ações dos outros seres humanos que nos perturbam ou incomodam, pois seus princípios estão na faculdade condutora dessas pessoas, mas sim as nossas opiniões sobre essas ações. Basta eliminá-las em um repúdio ao julgamento que delas faz estimando-as como temíveis para dar fim a tua cólera. Bem, como eliminá-las? Raciocinando que elas não são coisas vis para ti. Se, com efeito, aquilo aquilo que sucedesse à vileza não fosse o único mal, seria de se concluir que tu perpetrarias inevitavelmente uma grande quantidade de males, tornando-te um malfeitor a cometer toda espécie de crimes".
E ainda em outra meditação:
"A ti mesmo, acrescenta apenas aquilo que foi anunciado a ti antecipadamente pelas ideias. Foi anunciado que fulano falou mal de ti. Isso foi anunciado. Não foi, porém, anunciado que tenha prejudicado a ti. Vejo meu filho doente. Vejo. Mas eu não vejo que ele corre perigo. Desse modo, portanto, fixa-te sempre nas primeiras ideias, nada acrescentando a elas que proceda do teu interior, e assim nada acontecerá a ti".