Mesmo que você não seja um idiota, quando você se junta a uma multidão, se torna um
comentada em 14/09/2021 11:57

Quem já testemunhou um linchamento, ou uma tentativa de linchamento, vai perceber um exemplo muito claro e muito dramático desse fato. É terrível, impressionante e fascinante a transmutação de pessoas ordeiras, pacíficas e de boa vontade em criaturas basais. Nunca mais enxerguei organizações coletivas, como torcidas organizadas ou partidos, da mesma forma. 

torcida organizada.

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Tem um austríaco famoso que não apenas sabia disso como disse claramente e depois usou na cara dura e funcionou perfeitamente. 

A impressão lendo esse texto é que as ações de um grupo, são o resultado da MÉDIA de como cada indivíduo desse grupo pensa. Se são pessoas boas, a média é boa, se más, a média são ações e pensamentos maus. Por isso que pessoas relativamente boas, se estiverem envolvidas com pessoas más, acabam se tornando uma delas de alguma forma. A solução é perceber isso e não se envolver com grupos assim, pois a força do grupo, quase sempre será maior do que a do indivíduo. 

o problema é que a aglomeração hoje é digital, hiper-seguimentada e altamente manipulável pelo poder econômico.

da até calafrio de pensar daqui pra frente.

Alguns humanos, não poucos, são honestos e ordeiros na medida exata do medo da punição. Não se pautam por princípios. As consequências é que os inibem.

Em grupo, a ilusão do anonimato reduz o risco de castigo. Resta a culpa, e o esforço malabarístico de se justificar perante si para o resto da vida.

Mad Max não é uma ficção improvável. Dadas as condições, a parcela divina se evapora, resta o bicho.

Eu rio dos ficcionistas que inventam aliens, vírus, meteoros e que tais para destruir a humanidade. Nós nos bastamos. A humanidade se destrói e se reconstrói em cada esquina. Todo santo dia.

Tenho alergia a multidões. 

@Creasy não é só isso. Quantos exemplos não existem de pessoas "boas" que, no calor da emoção e do "ego", fazem coisas perigosas ou malvadas? Um dos maiores problemas de grupos com os quais você se vincula afetivamente é que eles despertam emoções e "egos" coletivos, além dos individuais que você já teria. Mesmo grupos formados apenas por pessoas "boas" são capazes de feitos terríveis nas condições adequadas.

Eu não digo que todos os grupos vão "degenerar" dessa forma e nem que se organizar em grupos seja inerentemente ruim. Até porque somos animais gregários e esse tipo de organização grupal é inevitável. Nossa sobrevivência e prosperidade depende disso. Veja que a bastter.com, de certa forma, é um grupo do qual fazemos parte. 

Mas é preciso estar atento a esse risco. Participar de um grupo, conectar-se a um grupo, carrega o risco do tribalismo, que é exacerbado pelo viés de confirmação. Muitas vezes é aí que o "mal" preda o ser humano.

Temos que ter isso sempre em mente: nos afastarmos de grupos de pessoas ruins, de grupos que nos emocionam, que oferecem certezas absolutas, que nos isolam das pessoas queridas, que nos tornam desordeiros. Temos que ter em mente nossos valores fundamentais e procurar não agir no automático. Qualquer ação, ainda mais a que afeta outras pessoas ou a comunidade, deve ter uma finalidade que conseguimos discernir e ser fundada na não agressão e no amor (ou pelo menos respeito) ao próximo. 

Multidões e Trânsito têm a capacidade de transformar o ser humano de um modo bem negativo.

A abordagem inicial sobre o comportamento do indivíduo quando em grupo foi feita por  Gustave Le Bon e foi influente para os demais que abordaram o assunto.

Existem tantas variáveis que controlam a vida das pessoas que chega a ser triste alguém achar que tem controle das próprias ações

United Express Flight 3411 incident - Wikipedia

postado por @Paulo em 13/09/2021 10:43:20

Existem tantas variáveis que controlam a vida das pessoas que chega a ser triste alguém achar que tem controle das próprias ações

O texto me fez pensar logo em corrupção... tantos entram nesse mundo pq vivem em ambientes de pessoas corruptas, um coletivo de corrupção. Pensei tbm nas pessoas de boa condição econômica se aproveitando de uma queda de energia ou de manifestações, para roubar lojas junto com a multidão.

@Dogoncio Esse vídeo é maravilhoso. O problema todo é na definição de "you" pela consciência.

Eu adiro (meu deus que verbo horrível) a definição de consciência como processo que envolve você, mas outras coisas tb. Então sua consciência... não é sua... só ocorre, em "você".

@Paulo Eu me pergunto a respeito disso de tempos em tempos. Uma formiga (ou insetos de modo geral) não é um ser consciente, ele é basicamente um automato só que feito de partes organicas ao invés de metal que executa sua programação porque é o que faz aquela linhagem de código continuar existindo. Olhando em um esquema maior, um inseto não é muito diferente de um vírus que é basicamente uma cadeia de proteínas que executa uma programação especifica infinitamente se puder.

O que eu realmente  me pergunto é... nós somos realmente diferentes disso em essencia? Claro que seres humanos são mais complexos do que insetos e vírus, mas no proposito geral funcionamos de forma realmente diferente?

Se por algum acaso soubessemos todas as regras da fisica e da quimica que regem o universo, e se pudessemos colocar isso em um computador poderoso o suficiente para calcular toda essa equação universal, não seria possivel prever como uma pessoa vai se comportar e agir da mesma forma que podemos prever como vírus e insetos vão agir dentro de suas programações limitadas? No grande esquema das coisas, não somos apenas insetões mais complexos?

É o que eu me pergunto as vezes. Ou talvez eu apenas precise colocar meu sono melhor em dia, vai saber...

@Dogoncio eu acho q somos mas podemos nao ser tb
cada um decide
a principio somos todos isso ai q vc falou
mas um pode se esforçar para nao ser
ou se iludir q nao eh

E não precisa nem ser uma multidão. Tem gente que muda completamente de comportamento quando está num grupo de amigos, por exemplo.

Muito legal esse texto.

@Dogoncio uma das visões é que somos e não somos.
O presente meio que é um ponto determinado.
Não tem lá muito o que você possa decidir sobre o agora. Seja lá o presente que for, você está preso nele.
O futuro é um pouco mais incerto, aí da para construir um pedaço do próximo presente que você estará preso. Se faz isso sozinho, como amigos, ou com cálculo computacional, tanto faz.
Alguém precisaria colocar os parâmetros do que é o próximo presente no computador. Ele tb estaria amarrado nesses parâmetros.

Tem uma metáfora de um filósofo do Direito conhecida como "romance em cadeia". Simplificando, ele sustenta que o Direito é como uma história coletiva, escrita por diferentes pessoas. Cada autor tem seu poder de agência e visão de como a história deve ser escrita, mas todos se imbuem da missão de escrever uma obra única, que guarda coerência e relação de continuidade com aquilo que foi escrito antes. 

Sempre gostei dessa metáfora, mesmo para além dos objetivos do autor com ela. Os diversos personagens da história podem se alterar profundamente com o tempo, mas jamais sem justificativa coerente. A cada instante, diversos conflitos ocorrem na história, personagens colidem, mas tudo se resolve em uma trama única. Cada autor é também personagem dessa história. Sendo coletiva, a resolução dos conflitos depende de consenso entre autores, de maneira que o rumo da história a partir dali é uma experiência argumentativa. Como em qualquer história, autor e leitor precisam se conectar pela suspensão da descrença, mas, apesar disso, todos sabem que, no fim das contas, a história é apenas uma história e nada mais. 

Na minha visão, essa metáfora pode ser empregada para a consciência humana diante das demais consciências e do mundo. Somos como personagens de um RPG compartilhado. O protagonismo é uma espécie de ilusão decorrente da suspensão de descrença e do nosso papel simultâneo de personagem e de autor. E a percepção da realidade cultural/simbólica como história nos permite um papel metalinguístico, seja quebrando a quarta parede, seja refletindo sobre o personagem, seja assumindo deliberadamente diferentes personagens.

Gosto mais dessa metáfora que da do código de computador. Pois o romance em cadeia acomoda a metalinguagem e a redefinição argumentativa dos parâmetros naturalísticos (ou seja, por exemplo, olhar o mesmo objeto como madeira ou como mesa, a depender do conflito em resolução na trama).