Faz um tempo que não venho aqui por inúmeras razões, desde tempo até o fato de que se venho aqui, acabo lembrando de investimento (e confesso que quanto menos fico aqui, menos lembro dos meus investimentos haha). Mas esses dias eu me lembrei da minha nonna e como eu sinto falta dela.
Bom, mas por que eu estou falando disso e abri um tópico para falar da minha nonna? Além de desabafar sobre a saudade que tenho dela, também gostaria de trazer uma experiência pessoal que, na prática, é muito que o site fala.
A verdade é que eu nunca entendi o porquê pessoas não seriam outra coisa que não poupadoras, visto que eu vim de uma família de pessoas altamente controladas com o dinheiro. Na minha família era mais fácil ver detalinos que o oposto, então eu sempre tive essa mentalidade de "hold". Mas não é da minha familia em si que quero falar, mas sim da minha nonna.
Nonna era uma mulher que nasceu antes da segunda guerra mundial e que a vida toda trabalhou (batendo de frente, inclusive, com meu bisavô e vovô quanto a isso), todos a chamavam de "mão de vaca", porque ela amava economizar o dinheiro dela todo mês. Nonna odiava que o gerente de banco desse palpite no que ela fazia ou deixava de fazer com o dinheiro dela, dizia que eles "não entendiam de nada", Nonna nunca leu um livro de economia sequer, Warren Buffet, Peter, o que? Para ela, esses nomes seriam gregos já que só lia os romances de banca que ela gostava de comprar e olhe lá. Nonna não era rica, longe disso, mas seus 2 filhos estudavam nos melhores colégios e tiveram a melhor a educação possível do qual conseguiram graças a bolsas de estudo. Nonna formou um filho médico que passou em primeiro lugar na faculdade e nos concursos que fazia. O outro (papai) empreendeu e se casou com uma mulher com o mesmo ideal de empreender que ele.
Nonna tinha uma casa (herdada dos seus pais) e um apartamento. Depois disso, Nonna decidiu que queria viajar pelo Brasil, conheceu varios estados do Brasil e só não conseguiu ir a Italia (seu maior sonho) porque na época o joelho dela começou a doer e ela não podia fazer viagens muito longas. Nonna em fim de vida tinha dinheiro suficiente para pagar todas as contas dela, um ótimo plano de saúde, uma fisioterapeuta particular, uma faxineira e cozinheira para ajudar ela nas tarefas de casa. Ela vivia dando dinheiro para os familiares (as vezes sendo até boa demais para aqueles que a chamavam de mão de vaca). Nonna morreu com 96 anos e deixou uma herança considerável para dividir para os seus dois filhos. Nonna, inclusive tinha uma reserva de valor em ouro, joias e dinheiro de outros países e um passaporte (que ela guardava para o sonho não concluido que era ir a Italia, sonhava que o joelho dela melhorasse). Quando minha mãe perguntava por que ela tinha aquilo tudo, ela só respondia: eu acho interessante ter, além do mais essas joias são lindas rs.
Uma vez, enquanto ela estava voltando a andar após ter caido pela segunda vez e ter ficado de cama (já com 94 anos), eu falei: nonna, você é tão forte, se eu tivesse no seu lugar eu teria desistido depois de ter caido duas vezes e ficado de cama.
Ela só riu e me respondeu: piano, piano se va a lontano (devagar, devagar se vai longe). Para ela o segredo de tudo era acreditar que podia fazer algo, fazer o sutra diario (ela era budista) e estar sempre pronto para recomeçar, não desistir nas primeiras adversidades e literalmente esquecer que o dinheiro na poupança. Sim, a vida toda nonna teve o dinheiro dela na poupança rs.
É isso gente, só queria desabafar mesmo porque hoje vejo que minha vó me ensinou mais sobre finanças, economia e vida do que qualquer livro poderia ter feito.