Ontem meu pai perguntou qual era minha chave pix. Estranhei, pois ele não me devia qualquer valor. Eu até disse que não ia passar a chave. Ele alegou que queria deixar salvo no celular para, caso precisasse, já tê-la em mãos.
Como ele é bastante metódico, aquiesci e mandei para ele minha chave pix e deixei por isso mesmo.
Hoje, sou surpreendido com uma transferência efetuada por ele de um valor razoável, e um recado assinado por ele e por minha mãe, dizendo que nesse mês sobrou um dinheirinho na conta e que queriam sONcializar com o filho.
Fiquei muito surpreso e o ato me fez refletir demais.
Sempre digo para eles que eles devem aproveitar mais a vida, que já estão na fase de consumir o patrimônio, e que não devem se preocupar financeiramente com os filhos, já encaminhados.
Ainda assim, eles mais uma vez renunciam a uma parcela do patrimônio deles para atender aos filhos.
Ensina bem aquele que ensina pelo exemplo, pelo ato praticado, e não por presunçosas palavras.
Fiquei feliz em entender que o importante não foi o dinheiro recebido, mas sim o carinho, o cuidado, a renúncia, o apoio, o amor sempre e sempre manifestado por eles.
E que pouco importa se vou ter que pagar ITCMD, se vou ter que declarar a doação no IR, se isso configuraria adiantamento da legítima, etc.
Dinheiro é lixo. Só agradecer por todo o esforço que nossos pais fazem por nós, cada um a seu modo, e que devemos honrá-los, amá-los e nos vigiarmos para que nossos atos perante eles sejam dignos.
Digo tudo isso por perceber que, com mais frequência do que gostaria, ajo contrariamente ao que acredito. É fácil não vigiar a si mesmo e deixar que a falha adentre pelas frestas que existem em nós.
Quem sou eu para não me portar dignamente perante meus pais, ou para tentar ensiná-los algo de que certamente não precisam?
Quem tem os pais ainda vivos é sujeito de sorte.
Digo tudo isso também para enaltecer esse espaço, por acompanhar as postagens e por aprender com os demais foristas, inclusive em tópicos recentes sobre o assunto.
Acho que na maioria das vezes o que importa é olhar para a situação sob o ângulo correto. Quem procura o lado negativo fatalmente o encontrará, até mesmo no ato de recebimento de dinheiro. Há muita coisa na vida que o dinheiro não compra e não acessa.
Obrigado, pai!