Sou médico, morei e trabalhei em SP por 5 anos e em mais duas outras capitais. Nunca pude ter o previlégio de trabalhar menos que 60 horas semanais, mas sempre tinha em mente o objetivo de acabar a residência e morar no interior, algo surpreendentemente esclarecedor.
Uma coisa que observei, e que talvez ajude outros colegas autônomos, é que quando escolhemos nossa carga horária pra trabalhar temos que ter a mesma mentalidade que quando investimos “ e se tudo der errado, vc vai conseguir segurar a barra?”.
Após 4 anos em SP na residência médica, quando voltei pro meu estado, no interior, onde havia abundância em horários pra trabalhar, achei que poderia escolher as mesmas horas que eu trabalhava na residência, engano.
Quando está na residência o que te move é que aquilo tem um fim, se tudo der errado vc tem que aguentar TEMPORARIAMENTE, já na “vida real” isso não funciona.
Vc até aguenta um período trabalhando muitas horas, aguenta as primeiras turbulências, mas no longo prazo isso traz muito dano à saúde.
A vida extra trabalho não para, nossos parentes adoecem, nos brigamos com pessoa que gostamos, pessoas nos magoam durante toda nossa vida.
Nossa resistência pra trabalhar é muito maior quando não temos algo extra trabalho ou até mesmo no trabalho pensar, mas quando os problemas normais da vida aparecem fica difícil manter nossa mente saudável, e isso acontece à todo instante.
Colegas, se tiverem opção diminuam seu padrão de vida pra trabalhar as horas semanais que vc aguente, mesmo a vida te dando uma surra, caso contrário não valerá a pena.
Espero que ajude alguém