Grande Sertão: Veredas - pequenos excertos

Cãotural
Luciano_9090  
em 01/09/23 15:37

Comentários

Último comentário 1º comentário do autor Só moderadores Só quem eu sigo Ordenar por gostei
Pai_Naldo  
em 01/09/2023 16:38
Um dos meus top 3 livros favoritos da vida.

Tenho as minhas passagens favoritas anotadas tb.

É sem comparação com quase qualquer outra coisa que tenha lido.
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Grande Sertão: Veredas - pequenos excertos - #1 de 21
MohamedAli  
em 01/09/2023 17:21


postado por @Pai_Naldo em 01/09/2023 16:38:40

Um dos meus top 3 livros favoritos da vida.

Tenho as minhas passagens favoritas anotadas tb.

É sem comparação com quase qualquer outra coisa que tenha lido.


Exatamente. Não tem nada no mundo escrito que chegue aos pés deste livro.
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Grande Sertão: Veredas - pequenos excertos - #2 de 21
mbaf  
em 01/09/2023 18:16
"Viver é muito perigoso, seu moço. A gente sempre acaba morrendo."
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Grande Sertão: Veredas - pequenos excertos - #3 de 21
mbaf  
em 01/09/2023 18:23


postado por @Henriqu em 01/09/2023 17:21:59

Exatamente. Não tem nada no mundo escrito que chegue aos pés deste livro.


Apesar de eu não ter lido todos os livros do mundo pra afirmar isso, pense num livro que faz o cabra ruminar.

A você que gostou muito desse livro, vou te indicar um livro do meu conterrâneo: Frederico Pernambucano de Melo - Guerreiros do Sol. É um estudo sobre a história do banditismo no sertão do Brasil. Eu o li exatamente após ler o Veredas, e ler sobre a vida real dos cangaceiros e jagunços foi um complemento fantástico. E foi incrível observar como Guimarães Rosa descreveu bem a realidade dos bandos.

Outro livro que gostei demais foi a Guerra do Fim do Mundo, uma visão de Mário Vargas Llosa sobre Canudos (ele usou Euclides da Cunha como base de seu romance).

Essas histórias do sertão brasileiros são enigmáticas.
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Grande Sertão: Veredas - pequenos excertos - #4 de 21
AuditorDoJazz  
em 01/09/2023 18:44


postado por @mbaf em 01/09/2023 18:16

"Viver é muito perigoso, seu moço. A gente sempre acaba morrendo."

O Guimarães Rosa foi eleito para a ABL, mas ficou um tempão sem tomar posse porque acreditava que o dia em que o fizesse morreria. De fato, três dias após a posse, teve um infarto fulminante e morreu...
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Grande Sertão: Veredas - pequenos excertos - #5 de 21
Charlito  
em 01/09/2023 19:00


Acreditava que ia morrer e mesmo assim o fez.

Será que virou árvore no sétimo círculo do inferno de Dante?
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Grande Sertão: Veredas - pequenos excertos - #6 de 21
Lambari7  
em 01/09/2023 21:10
Comecei a ler esse livro e parei nas primeiras 15 páginas porque achei meio chata a leitura.

Sou um ser abominável ?
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Grande Sertão: Veredas - pequenos excertos - #7 de 21
Charlito  
em 01/09/2023 21:24


postado por @Lambari7 em 01/09/2023 21:10

Comecei a ler esse livro e parei nas primeiras 15 páginas porque achei meio chata a leitura.

Sou um ser abominável ?


Não, cara. Os livros combinam com o momento da vida, a meu ver.

Por exemplo, hoje nem pagando eu chegaria em casa e puxaria um Machado de Assis  pra ler. Daqui a cinco anos, quem sabe. Ou daqui a dois meses nas férias.. quem sabe?

Vou chegar e folhear umas crônicas do Veríssimo pra dormir um sono leve.

Tudo questão de sincronia entre texto e estado de espírito.

Inclusive (e curioso) em diferentes circunstâncias um mesmo livro toma feições diferentes. O mesmo texto, outra percepção..

Abominável é ignorar a alteridade, achar que é o Alecrim dourado que paira sobre a Terra e maluquices afins..
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Grande Sertão: Veredas - pequenos excertos - #8 de 21
Luciano_9090  
em 01/09/2023 21:56
Eu comecei a ler Guimarães Rosa no tempo do vestibular, em que quase sempre era livro obrigatório. E quase sempre me fiava muito em resumos para conseguir fixar para a prova.
Ou seja, não valeu de nada.
Mas agora, 3 décadas depois, estou reencontrando os livros do autor e curtindo muito.
É uma riqueza de detalhes, de brincar com as palavras. Me parece um autor sem paralelo no tipo de linguagem.
Ler Guimarães Rosa é um exercício bastante divertido, mas bastante trabalhoso e exigente.
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Grande Sertão: Veredas - pequenos excertos - #9 de 21
Luciano_9090  
em 01/09/2023 21:59


postado por @Lambari7 em 01/09/2023 21:10:44

Comecei a ler esse livro e parei nas primeiras 15 páginas porque achei meio chata a leitura.

Sou um ser abominável ?

De forma alguma. Como bem disse o @Charlito os livros combinam com o momento seu da vida.
Mas se eu puder, humildemente, dar minha contribuição, eu sugeriria que você começasse com o livro "Sagarana". 
Parece um enredo um pouco mais linear e agradável para se começar a se aventurar na obra de Guimarães Rosa.
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Grande Sertão: Veredas - pequenos excertos - #10 de 21
Charlito  
em 01/09/2023 22:14
Tem isso também. Os autores (não sei todos, pq obviamente não conheço todos) têm seus pórticos.

Um exemplo que foi gritante pra mim: Descartes.

Se começa pelo Meditações sobre Filosofia Primeira, vai se achar o maior burro da face da Terra.

Se começa pelo Discurso do Método já chega no Meditationes ao menos sabendo onde é o banheiro e como faz pra pedir um xis egg..

Alias o Meditationes já te espanta logo no título, padrão meio "não abra este livro':

Meditationes de prima philosophia, in qua Dei existentia et animæ immortalitas demonstratur
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Grande Sertão: Veredas - pequenos excertos - #11 de 21
Charlito  
em 01/09/2023 22:23
Meio óbvio mas acrescento: bom saber o contexto histórico da obra. Quem tá escrevendo, quando e o que tá acontecendo na sociedade ali naquele momento.

Aí entende tb que o Renato teve muito culhão e jogo de cintura para imprimir tamanho atrevimento.

Um exemplo próximo são as letras de música mata-burro que passaram incólumes pelos toscos censuradores do passado recente dessas terras tupiniquins..
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Grande Sertão: Veredas - pequenos excertos - #12 de 21
mbaf  
em 02/09/2023 01:04


postado por @Charlito em 01/09/2023 19:00



Acreditava que ia morrer e mesmo assim o fez.

Será que virou árvore no sétimo círculo do inferno de Dante?


Virou um imortal e morreu.
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Grande Sertão: Veredas - pequenos excertos - #13 de 21
Charlito  
em 02/09/2023 09:58


postado por @mbaf em 02/09/2023 01:04

Virou um imortal e morreu.


Toda carne perecerá. De alguns seres, as ideias ficam.

São eles os imortais.

Até que o sol acorde faminto, se espreguice e devore seus filhos, os planetas.

Quando então nenhuma história mais será contada.
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Grande Sertão: Veredas - pequenos excertos - #14 de 21
Marcelov  
em 02/09/2023 11:36


postado por @Lambari7 em 01/09/2023 21:10

Comecei a ler esse livro e parei nas primeiras 15 páginas porque achei meio chata a leitura.

Sou um ser abominável ?


É um livro sensacional, mas, a leitura realmente é muito difícil. Fica parecendo que todo mundo precisa elogiar e achar o máximo, mas, não é nenhum pecado reconhecer que precisa muita paciência para seguir com a leitura. Mas, se você conseguir se conectar com o universo da história, vale muito a pena persistir. A história é muito simples, uns jagunços arrumando confusão no sertão de Minas e as relações entre eles, mas é justamente nessa simplicidade é que está a profundidade dos pensamentos do Guimarães Rosa.
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Grande Sertão: Veredas - pequenos excertos - #15 de 21
Pai_Naldo  
em 02/09/2023 15:00
As minhas favoritas entre muitas:

- Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.

- O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.

- A vida inventa! A gente principia as coisas, no não saber por que, e desde aí perde o poder de continuação - porque a vida é mutirão de todos, por todos remexida e temperada.

- Digo ao senhor: o diabo não existe, não há, e a ele vendi a alma…Meu medo é este. A quem vendi? Medo meu é este, meu senhor: então, a alma, a gente vende, só, é sem nenhum comprador.

- O que guerreia é o bicho, não é o homem.

- Eu era dois, diversos? O que não entendo hoje, naquele tempo não sabia.

- Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas sempre vão mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra, montão. E, outra coisa, o diabo, é às bruxas, mas Deus é traiçoeiro.

- Digo ao senhor: tudo é pacto. Todo caminho da gente é resvaloso. Mas, também, cair não prejudica demais - a gente levanta, a gente sobe, a gente volta! Deus resvala? Mire e veja. Tenho medo? Não. Estou dando batalha. É preciso negar o que o “Que Diga” existe.

- Tudo o que já foi, é o começo do que vai vir.

Não tem como não admirar a capacidade de costurar palavras e sentidos.

Cada frase fala conosco de maneira muito particular.


É uma obra-prima.
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Grande Sertão: Veredas - pequenos excertos - #16 de 21
mbaf  
em 02/09/2023 16:49


postado por @Pai_Naldo em 02/09/2023 15:00

As minhas favoritas entre muitas:

- Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.

- O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.

- A vida inventa! A gente principia as coisas, no não saber por que, e desde aí perde o poder de continuação - porque a vida é mutirão de todos, por todos remexida e temperada.

- Digo ao senhor: o diabo não existe, não há, e a ele vendi a alma…Meu medo é este. A quem vendi? Medo meu é este, meu senhor: então, a alma, a gente vende, só, é sem nenhum comprador.

- O que guerreia é o bicho, não é o homem.

- Eu era dois, diversos? O que não entendo hoje, naquele tempo não sabia.

- Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas sempre vão mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra, montão. E, outra coisa, o diabo, é às bruxas, mas Deus é traiçoeiro.

- Digo ao senhor: tudo é pacto. Todo caminho da gente é resvaloso. Mas, também, cair não prejudica demais - a gente levanta, a gente sobe, a gente volta! Deus resvala? Mire e veja. Tenho medo? Não. Estou dando batalha. É preciso negar o que o “Que Diga” existe.

- Tudo o que já foi, é o começo do que vai vir.

Não tem como não admirar a capacidade de costurar palavras e sentidos.

Cada frase fala conosco de maneira muito particular.


É uma obra-prima.


Eu gosto muito da seguinte frase:

"Um dia esse negócio de matar gente entra em desuso."

A frase não exatamente essa, não lembro bem. Mas é bem impactante, principalmente para o personagem de Riobaldo, tendo em vista que era um dos principais ofícios dele.

De fato, apesar de ainda se matar muita gente hoje em dia mundo afora, o sertão não é mais o mesmo.

Um dia o sertão brasileiro já foi uma terra sem lei nem rei, onde se matava, literalmente, por um copo d'água. Matava-se pela honra, matava-se pela demonstração de força. Matava-se pela monotonia.

Não saiu de moda matar, mas quando se fala de sertão, os perigos das veredas mudaram bem.

Antônio Silvino, Lampião e outros que o digam.
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Grande Sertão: Veredas - pequenos excertos - #17 de 21
Charlito  
em 02/09/2023 18:40
@mbaf

Pois..

Hoje já ninguém mata por um copo d'água.

E vai todo mundo se morrendo.. por um copo d'água.
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Grande Sertão: Veredas - pequenos excertos - #18 de 21
mbaf  
em 02/09/2023 19:20

postado por @Charlito em 02/09/2023 18:40

mbaf

Pois..

Hoje já ninguém mata por um copo d'água.

E vai todo mundo se morrendo.. por um copo d'água.

Os copos d'água não têm o mesmo significado de cem anos atrás, por isso usei o "literalmente". A pretexto de um copo d'água ainda muito se mata. Matar nunca vai cair em desuso, infelizmente. Riobaldo no fundo no fundo sabia que isso era uma utopia, a fala soa como uma resignação. 

Banditismo por necessidade
Banditismo por pura maldade
Banditismo por uma questão de classe
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Grande Sertão: Veredas - pequenos excertos - #19 de 21
Charlito  
em 02/09/2023 19:32


postado por @mbaf em 02/09/2023 19:20

Os copos d'água não têm o mesmo significado de cem anos atrás, por isso usei o "literalmente". A pretexto de um copo d'água ainda muito se mata. Matar nunca vai cair em desuso, infelizmente. Riobaldo no fundo no fundo sabia que isso era uma utopia, a fala soa como uma resignação. 

Banditismo por necessidade
Banditismo por pura maldade
Banditismo por uma questão de classe


Não se fazem mais pernas cabeludas como antigamente..
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Grande Sertão: Veredas - pequenos excertos - #20 de 21
Charlito  
em 02/09/2023 20:33


postado por @mbaf em 02/09/2023 19:20

Os copos d'água não têm o mesmo significado de cem anos atrás, por isso usei o "literalmente". A pretexto de um copo d'água ainda muito se mata. Matar nunca vai cair em desuso, infelizmente. Riobaldo no fundo no fundo sabia que isso era uma utopia, a fala soa como uma resignação. 

Banditismo por necessidade
Banditismo por pura maldade
Banditismo por uma questão de classe


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Grande Sertão: Veredas - pequenos excertos - #21 de 21

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