Aumento de casos - câncer em jovens adultos
comentada em 09/09/2023 13:35

Acho esses tipos de estudos muito tendenciosos.

"2019 foram registrados um total de 3,26 milhões de novos casos de câncer em pessoas com menos de 50 anos. Já em 1990, essa taxa estava próxima de 1,8 milhão de casos.''  

Falar em aumento absoluto é errado deveria ser relativo, pois os casos aumentaram 79% mas a população mundial aumentou de cerca de 5 bilhões em 1990 pra cerca de 8 bilhões atualmente e hoje temos aparelhos e técnicas muito mais avançadas pra identificar um câncer.
Alimentação pode ter piorado mas o tabagismo é menor do que em 1990 relativamente também, antigamente ''praticamente'' todo adulto mundo fumava. 

O estudo é interessantíssimo quando se lê o original (gratuito). Uma parte importante desse aumento se deu provavelmente por se fazer mais diagnóstico. Os maiores fatores de risco relacionados ao estilo de vida foram o tabagismo, consumo de álcool, glicose alta e baixo consumo de frutas.

Sei lá se é preciosismo meu, mas eu me lembro de uma das professoras fodonas do gastrocentro da melhor universidade do país afirmando coisas como:

"sempre olhe o número embaixo do copo plástico que você está bebendo, pois dependendo do material se você colocar líquido quente você libera substancias cancerígenas, etc".

Também me lembro dela destacar que Air Fryer ou qualquer método semelhante de cocção liberava muitos radicais livres e que estudos indicavam alto risco cancerígeno. Lembro dela falar que "gordura ou fritura nunca é bom. Mas se for ingerir, que seja pelo método tradicional pois mata menos no longo prazo".
Não sou noiado com isso, mas achei curioso um fato: a maioria dos copos descartáveis para café todos são de de 6 - PS, ou seja, poliestireno, resina que não pode ser aquecida senão libera estireno no líquido...

Eu uso porcelana (até no trabalho) por melhorar a experiência de tomar café, além de ser ecologicamente melhor. Se pararmos para pensar, o que mudou nos últimos anos foi basicamente o aumento no estresse, aumento no IMC geral, aumento no sedentarismo e aumento no consumo de processados/industrializados.... Então a mortalidade aumenta mesmo.

Por outro lado, tabagismo diminuiu de uma percentual...

@Bruno_Lost quando vc ve algo obvio assim vc pode

A - Se preocupar em cuidar mais da sua saude o q obviamente vai ser bom para vc
pq nao ha duvida q fazer mais esporte, se alimentar com qualidade, evitar alcool e cigarro va te fazer bem

ou

B - Ficar procurando errinho

Posso garantir que a atitude B vai ser pior para sua vida

Global trends in incidence, death, burden and risk factors of early-onset cancer from 1990 to 2019 | BMJ Oncology

De fato é uma tendência que o câncer seja a principal causa de mortalidade de toda a população. Lido diariamente com diagnósticos e tratamentos de um tipo mais frequente de todos os cânceres (inclusive em população bastante jovem). Felizmente a esmagadora maioria deles ligados aos fatores de risco de estilo de vida já mencionados (fatores modificáveis). Então amigos e amigas, papinho de "não sei quem era obeso, fumava e sedentário e viveu até os 90 anos sem doença nenhuma" é só exemplo de burro... Link do artigo original aí pra a galera

@Bastter resposta genérica

@Rincewind isso de plástico liberar substâncias quando em contato com alimentos quentes é um assunto bastante controverso. Plásticos são basicamente longuíssimas cadeias de ligações carbono-carbono, bastante fortes, com algum grupo substituinte em cada estrutura de repetição (mero).

O poliestireno (PS) mais importante comercialmente, usado nesses copos descartáveis, tem uma estrutura atática, o que quer dizer que ele possui um grupo substituinte ordenado aleatoriamente entre cis/trans em cada mero. A estrutura é algo parecido com isso:



Para liberar alguma coisa, você precisa quebrar essas ligações químicas, o que exige certa energia. No poliestireno (PS) isso acontece entre 420-430°C (em polímeros essa faixa varia e depende de algumas variáveis, não é como nos metais que possuem uma estrutura bastante regular e organizada que proporciona uma temperatura de fusão precisa). Então pra degradar uma cadeia de PS você precisa chegar nessas temperaturas, mas isso ainda não é o suficiente para liberar essas cadeias degradadas em alguma coisa.

Polímeros se organizam mais ou menos como um novelo emaranhado. Imagine um novelo formado por um único fio liso. Com algum esforço você consegue transformar ele num emaranhado quase impossível de desfazer por atingir um grau de ancoragem mecânica bastante alto. Agora imagine se no lugar de um fio liso você tivesse um fio com pedrinhas nas pontas. As pedrinhas criam ainda mais pontos de ancoragem, dificultando ainda mais a mobilidade dessas coisas. No caso do PS, essas pedrinhas são os grupos estireno na cadeia. Supondo que um grupo estireno degrade e fique livre para reagir, você ainda precisa fazer que ele se desloque do sua posição no meio do emaranhado para a superfície que faz fronteira com o seu alimento.

Agora algo totalmente comum e muito mais fácil de acontecer é você estar ingerindo produtos que são auxiliares ao processo de moldagem plástica. Copos ganham sua forma em moldes, que por sua vez podem ter em sua superfície aditivos desmoldantes, graxa ou qualquer outra coisa. As chances de você ter desmoldante nesse copo é muito maior que a de degradar o polímero e ingerir estireno.

Polímeros também não são puramente polímeros. Nas reações de síntese você utiliza precursores químicos que nunca reagem por completo, podendo ficar disponíveis para encontrar sua forma mais energeticamente estável reagindo com qualquer coisa que encontrar pela frente, como o seu café. Os fabricantes podem colocar aditivos para regular coisas como fluidez e outras propriedades da massa fundida, que é como chamamos o polímero em estado "líquido", e esses aditivos também podem "adoçar" seu cafézinho rs

postado por @avem em 08/09/2023 10:57



Para liberar alguma coisa, você precisa quebrar essas ligações químicas, o que exige certa energia. No poliestireno (PS) isso acontece entre 420-430°C (em polímeros essa faixa varia e depende de algumas variáveis, não é como nos metais que possuem uma estrutura bastante regular e organizada que proporciona uma temperatura de fusão precisa). Então pra degradar uma cadeia de PS você precisa chegar nessas temperaturas, mas isso ainda não é o suficiente para liberar essas cadeias degradadas em alguma coisa.

Polímeros se organizam mais ou menos como um novelo emaranhado. Imagine um novelo formado por um único fio liso. Com algum esforço você consegue transformar ele num emaranhado quase impossível de desfazer por atingir um grau de ancoragem mecânica bastante alto. Agora imagine se no lugar de um fio liso você tivesse um fio com pedrinhas nas pontas. As pedrinhas criam ainda mais pontos de ancoragem, dificultando ainda mais a mobilidade dessas coisas. No caso do PS, essas pedrinhas são os grupos estireno na cadeia. Supondo que um grupo estireno degrade e fique livre para reagir, você ainda precisa fazer que ele se desloque do sua posição no meio do emaranhado para a superfície que faz fronteira com o seu alimento.

Agora algo totalmente comum e muito mais fácil de acontecer é você estar ingerindo produtos que são auxiliares ao processo de moldagem plástica. Copos ganham sua forma em moldes, que por sua vez podem ter em sua superfície aditivos desmoldantes, graxa ou qualquer outra coisa. As chances de você ter desmoldante nesse copo é muito maior que a de degradar o polímero e ingerir estireno.

Polímeros também não são puramente polímeros. Nas reações de síntese você utiliza precursores químicos que nunca reagem por completo, podendo ficar disponíveis para encontrar sua forma mais energeticamente estável reagindo com qualquer coisa que encontrar pela frente, como o seu café. Os fabricantes podem colocar aditivos para regular coisas como fluidez e outras propriedades da massa fundida, que é como chamamos o polímero em estado "líquido", e esses aditivos também podem "adoçar" seu cafézinho rs

@avem

Obrigado pela aula, eu lembrava das cadeias e que eram longas mas faz sentido a explicação.

E no caso do Bisfenol A ? Seria algo semelhante?
Por via das dúvidas, vou continuar na porcelana XD

postado por @avem em 08/09/2023 10:57:24



Para liberar alguma coisa, você precisa quebrar essas ligações químicas, o que exige certa energia. No poliestireno (PS) isso acontece entre 420-430°C (em polímeros essa faixa varia e depende de algumas variáveis, não é como nos metais que possuem uma estrutura bastante regular e organizada que proporciona uma temperatura de fusão precisa). Então pra degradar uma cadeia de PS você precisa chegar nessas temperaturas, mas isso ainda não é o suficiente para liberar essas cadeias degradadas em alguma coisa.

Polímeros se organizam mais ou menos como um novelo emaranhado. Imagine um novelo formado por um único fio liso. Com algum esforço você consegue transformar ele num emaranhado quase impossível de desfazer por atingir um grau de ancoragem mecânica bastante alto. Agora imagine se no lugar de um fio liso você tivesse um fio com pedrinhas nas pontas. As pedrinhas criam ainda mais pontos de ancoragem, dificultando ainda mais a mobilidade dessas coisas. No caso do PS, essas pedrinhas são os grupos estireno na cadeia. Supondo que um grupo estireno degrade e fique livre para reagir, você ainda precisa fazer que ele se desloque do sua posição no meio do emaranhado para a superfície que faz fronteira com o seu alimento.

Agora algo totalmente comum e muito mais fácil de acontecer é você estar ingerindo produtos que são auxiliares ao processo de moldagem plástica. Copos ganham sua forma em moldes, que por sua vez podem ter em sua superfície aditivos desmoldantes, graxa ou qualquer outra coisa. As chances de você ter desmoldante nesse copo é muito maior que a de degradar o polímero e ingerir estireno.

Polímeros também não são puramente polímeros. Nas reações de síntese você utiliza precursores químicos que nunca reagem por completo, podendo ficar disponíveis para encontrar sua forma mais energeticamente estável reagindo com qualquer coisa que encontrar pela frente, como o seu café. Os fabricantes podem colocar aditivos para regular coisas como fluidez e outras propriedades da massa fundida, que é como chamamos o polímero em estado "líquido", e esses aditivos também podem "adoçar" seu cafézinho rs

Incrível como todo dia a gente aprende coisa nova aqui.

@Rincewind o Bisfenol A (BPA) tem dois casos de uso principais:

1. Como resina termofixa, não sendo utilizado nesses produtos injetados/termoformados que encontramos para alimentação
2. Na reação de polimerização do policarbonato (PC), esse sim um termoplástico que tem fluidez acima de certa temperatura e pode ser utilizado em processos de extrusão/injeção/termoformagem.

O PC tem propriedades bem interessantes. Pode ser bastante translúcido e resistente a impactos, daí o famoso caso de uso em mamadeiras, já que podem cair o tempo todo.

Pra contextualizar, a estrutura de repetição do PC é essa aqui:



E isso é a estrutura do BPA:



Consegue ver como o PC é basicamente um BPA que perdeu os hidrogênios das extremidades pra fazer outras ligações e uma carbonila [ R-(C=O)-R2 ] ?

Essa carbonila e o anel aromático na ponta do BPA tornam as coisas interessantes: quando você tem ligações duplas ou triplas, essas ligações não são estacionárias. Se você quebra a ligação entre o oxigênio e o anel aromático, a ligação dupla da carbonila fica oscilando entre a C=O indicada no desenho e a C-O* com um elétron livre, que acabou de ser gerado na quebra da ligação C-O, estabilizando a molécula. O mesmo acontece no anel aromático. Então apesar de ficarem instáveis, eles não ficam assim tão instáveis, o que pode facilitar um pouco o rompimento dessa ligação, apesar dela ser tão forte quanto uma ligação C-C. Uma vez rompido, você tem o BPA disponível para reagir.

Porém você ainda precisa de bastante energia pra degradar o PC, na mesma ordem da necessária pra degradar o PS. Lembrando que essa temperatura de degradação é uma faixa que varia de acordo com algumas variáveis de reação de obtenção como temperatura, tempo, pressão e catalisador, então fica difícil precisar.

Voltando as mamadeiras, é muito mais prático aquecer leite no microondas, e quando você tem um filho quer fazer tudo da forma mais prática possível. O nosso querido microondas nada mais é que um emissor de onda de alta energia concentrada em um feixe, por isso que o prato do microondas gira, caso contrário sua comida esquentaria só em uma região**. Quando você coloca uma mamadeira ou pote de PC no microondas, você tem uma onda de alta energia interagindo com tudo: o alimento e o recipiente; essas ondas tem energia de sobra pra quebrar as ligações do PC. Se você fizer uma vez só provavelmente não vai degradar a ponto de temperar a refeição com BPA, mas imagine esquentar a mesma mamadeira algumas vezes por dia por alguns meses ou anos.

No fim é melhor evitar coisas quentes e plásticos mesmo kkkk

* Usado pra indicar um e- livre
**Um experimento bem legal é colocar uma barra de chocolate no microondas em potência mínima e sem girar o prato, você consegue ver buracos de chocolate derretido formados pela oscilação da onda, que aquece o chocolate só nesses pontos

@CharlesDarwin

SEM desfazer das pesquisa, mas somente uma coisa a mais para pensarmos pela diferenca ser absurdamente grande:

hj em dia conseguimos detectar melhor o cancer e seus varios tipos.
ha 30 anos podia ser (empiricamente) que morressemos e nao soiubessemos que era cancer OU até mesmo a notificacao para os departamentos de saude nao fossem tao precisao.

isso nao invalida a pesquisa, so estou colocando um ponto a mais para se pensar.

postado por @avem em 08/09/2023 20:35



E isso é a estrutura do BPA:



Consegue ver como o PC é basicamente um BPA que perdeu os hidrogênios das extremidades pra fazer outras ligações e uma carbonila [ R-(C=O)-R2 ] ?

Essa carbonila e o anel aromático na ponta do BPA tornam as coisas interessantes: quando você tem ligações duplas ou triplas, essas ligações não são estacionárias. Se você quebra a ligação entre o oxigênio e o anel aromático, a ligação dupla da carbonila fica oscilando entre a C=O indicada no desenho e a C-O* com um elétron livre, que acabou de ser gerado na quebra da ligação C-O, estabilizando a molécula. O mesmo acontece no anel aromático. Então apesar de ficarem instáveis, eles não ficam assim tão instáveis, o que pode facilitar um pouco o rompimento dessa ligação, apesar dela ser tão forte quanto uma ligação C-C. Uma vez rompido, você tem o BPA disponível para reagir.

Porém você ainda precisa de bastante energia pra degradar o PC, na mesma ordem da necessária pra degradar o PS. Lembrando que essa temperatura de degradação é uma faixa que varia de acordo com algumas variáveis de reação de obtenção como temperatura, tempo, pressão e catalisador, então fica difícil precisar.

Voltando as mamadeiras, é muito mais prático aquecer leite no microondas, e quando você tem um filho quer fazer tudo da forma mais prática possível. O nosso querido microondas nada mais é que um emissor de onda de alta energia concentrada em um feixe, por isso que o prato do microondas gira, caso contrário sua comida esquentaria só em uma região**. Quando você coloca uma mamadeira ou pote de PC no microondas, você tem uma onda de alta energia interagindo com tudo: o alimento e o recipiente; essas ondas tem energia de sobra pra quebrar as ligações do PC. Se você fizer uma vez só provavelmente não vai degradar a ponto de temperar a refeição com BPA, mas imagine esquentar a mesma mamadeira algumas vezes por dia por alguns meses ou anos.

No fim é melhor evitar coisas quentes e plásticos mesmo kkkk

* Usado pra indicar um e- livre
**Um experimento bem legal é colocar uma barra de chocolate no microondas em potência mínima e sem girar o prato, você consegue ver buracos de chocolate derretido formados pela oscilação da onda, que aquece o chocolate só nesses pontos

 

Obrigado pela aula!
Fazia tempo que não estudava ligação aromática!


<insira aqui o selo amigo você é amigo do pica pau>

agradeço os excelentes comentários de todos, foram instrutivos!