Essa técnica de terapia celular tem se mostrado bastante promissora no tratamento do câncer hematológico, e poderá trazer muitos benefícios para a qualidade de vida da nossa população. A terapia com células CAR-T surgiu nos Estados Unidos e começou a ser aplicada experimentalmente em pacientes de câncer terminal no início dos anos 2010. Os resultados positivos levaram a FDA, agência regulatória dos Estados Unidos, a aprová-la para o combate ao câncer em 2017.
No Brasil, a terapia com células CAR-T é desenvolvida no Centro de Terapia Celular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP. O primeiro voluntário brasileiro, que recebeu o tratamento experimental há dois anos, alcançou a remissão total de um linfoma em estágio terminal. Outros pacientes que optaram pelo tratamento também tiveram remissão. Até hoje, a terapia celular se mostrou altamente eficaz contra casos de linfoma e leucemia linfoide aguda, dois tipos de câncer de sangue.
As células CAR-T são células produzidas em laboratório derivadas das células mais importantes do nosso sistema de defesa, as células T. Em seu estado natural, as células T, que nos protege contra infecções e tumores, podem perder a capacidade de “enxergar” as células do câncer. Assim, o processo de produção das células CAR-T nada mais é do que modificar as células T para que elas possam readquirir a capacidade de “enxergar” células específicas do câncer e destruí-las, tais como as células das leucemias e dos linfomas.
Após a coleta das células T do paciente, mediante um procedimento chamado de aférese, as células T são modificadas em laboratório para dar origem às células CAR-T. Após o processo de modificação, as células CAR-T são multiplicadas até uma dose adequada para o peso do paciente. Ao final, as células CAR-T são infundidas na circulação sanguínea do paciente, promovendo a destruição de células específicas do câncer.

Cerca de 90% dos pacientes portadores de leucemia linfoblástica aguda de células B e, sem quaisquer perspectivas de tratamento, responderam positivamente ao uso de células CAR-T, dos quais cerca de 60% obtiveram a cura. Outras doenças como o mieloma múltiplo e linfomas também apresentam excelente resposta ao tratamento com células CAR-T.
Nos EUA, dois produtos de células CAR-T, desenvolvidos pela indústria farmacêutica e aprovados para uso comercial pelo FDA possuem custo médio de US$ 400.000 (quatrocentos mil dólares) a infusão.
No Brasil, por se tratar de tecnologia desenvolvida em Ribeirão Preto, estima-se que o custo seja não mais que 10% deste valor. O Centro de Terapia Celular da Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto é a primeira instituição brasileira a desenvolver tecnologia 100% brasileira para a produção de células CAR-T.
A Anvisa autorizou a pesquisa clínica com células CAR-T no Brasil, e os estudos estão em fase clínica inicial (Fase 1/2). O objetivo é avaliar a segurança e a eficácia no tratamento de pacientes com leucemia linfoide aguda B e linfoma não Hodgkin B, recidivados e refratários (ou seja, em casos de reaparecimento da doença ou de resistência ao tratamento padrão).
Fonte:
O que são Células CAR-T – Center for Cell-based Therapy