Versão resumida: assumi um cargo público na área jurídica compatível com minha atividade na advocacia privada que está andando bem (crescendo) e, mesmo assim, estou pensado em largar o cargo público para ficar só na atividade privada, mas a decisão é difícil.
Versão completa:
Trabalho como advogado há cerca de 8 anos e com meu atual escritório com 2 sONcios há cerca de 6 anos. Nunca quis fazer concurso público, sempre quis ser advogado privado e gosto da minha atividade, apesar de também ter seus vários problemas.
Antes de estar no meu escritório atual eu estava residindo fora do meu estado e bem longe (interior do TO) porque minha esposa que é FP passou em concurso lá e fui junto recém formado, montei meu escritório lá sozinho sem conhecer ninguém e devagarinho as coisas foram andando. Nessa época nós dois estávamos muito descontentes com o local e o fato de morar no TO, queríamos voltar para nossa cidade no sul, mas ela pedir exoneração não era uma opção, apenas tentar redistribuição. Por esse motivo na época eu comecei a estudar para concurso e prestei concurso justamente para Procuradoria Municipal da nossa cidade natal, isso em 2018.
Depois disso, em meados de 2018 minha esposa conseguiu uma remoção temporária para nossa cidade natal e desde então eu estou no meu atual escritório com mais dois sONcios (colegas de faculdade) e o negócio vem vindo, é possível dizer, muito bem, com lucros crescentes a cada ano, aumento da equipe, mudança para prédio melhor, etc.
Após isso, há poucos anos atrás minha esposa conseguiu a redistribuição definitiva e a vida seguiu tudo muito bem, na nossa cidade, eu no meu escritório, tudo ok. Eis que 5 anos após eu prestar a tal da prova para o cargo de procurador do município da cidade que hoje resido eu fui nomeado para assumir o cargo aos 48 do segundo tempo. Carga horária teórica de 6h/dia e possibilidade de continuar a atuando como advogado privado. Pensei, pensei, pensei, cogitei não assumir, .... e acabei optando por assumir o cargo para testar...
Estou há 1 ano e meio no cargo.
Resumo: o cargo é interessante, tem suas vantagens, mas na prática a carga horária é por demanda, a qual é imensa, e não estou conseguindo trabalhar na minha atividade privada como eu gostaria. Estou fazendo um trabalho de qualidade abaixo da minha qualidade habitual tanto em uma atividade, quanto em outra, porque apesar das atividades serem teoricamente compatíveis, na prática não estão sendo em razão do tempo. No período mais crítico eu trabalhei durante muitos dias mais de 12h por dia para dar conta de tudo. Cheguei ao ponto de ficar feliz de ter feriado para poder trabalhar e dar conta da demanda acumulada. Precisei reduzir minha participação no meu escritório para tentar tornar as atividades mais compatíveis, mas mesmo assim está complicado. Resumo: estou perdendo muita qualidade de vida, diminuí esportes, ganhei mais dinheiro, mas fiquei muito estressado.
Agora, depois de anos tentando, minha esposa está grávida de gêmeos (fiz um tópico sobre isso) e as crianças nascem daqui 1 mês.
Percebi que na rotina que eu estou seria impossível incluir 2 filhos para cuidar da maneira adequada e então penso que devo me exonerar do meu cargo público. A decisão, porém, é muito difícil. O salário não é equivalente aos tops das carreiras jurídicas (juiz, promotor, etc...) mas é um bom salário, atividade em home office se eu quiser, férias, 13º salário, etc..etc..
Além disso, a renda como FP hoje representa cerca de 60% da minha renda total, sendo 40% do escritório privado, ou seja, eu sentiria uma redução significativa pelo menos no curto prazo. Claro que a atividade privada pode (e demonstra que irá) crescer e superar o FP e tudo mais, mas a decisão é muito difícil... nunca quis ser FP, e eu brinco dizendo que a pior coisa que me aconteceu foi ter sido nomeado nesse cargo, porque agora precisa decidir em pedir exoneração ou não. Meu pai, por exemplo (FP a vida inteira com salário inferior ao meu atual cargo), disse que seria insanidade eu pedir exoneração. Eu poderia simplesmente sair do meu escritório, ou reduzir mais ainda a minha atividade lá para dar conta da atividade pública, mas sinto que eu não me sentiria feliz assim. Minha atividade privada me traz mais felicidade que o cargo público, mas tem sempre a questão da insegurança e do risco por trás, sobretudo na advocacia que é muito concorrida.
Enfim, alguém já passou por algo semelhante e pediu exoneração para focar na atividade privada?
A decisão é difícil, mas sinto que é preciso tomá-la. O fato é que não consigo manter minha vida com as duas atividades simultâneas, especialmente daqui um mês com a chegada dos gêmeos, mas largar um cargo público “aagarantido” com um bom salário para focar só na advocacia privada dá um certo medo.
Fica aí o desabafo, desculpem pelo tamanho, mas gostaria de comentários da comunidade.