"Portanto, em vez de nós ocuparmos única e exclusivamente com os planos e com as preocupações para o futuro ou de nos entregarmos à nostalgia do passado, jamais deveríamos nós esquecer que só o presente é real e certo; o futuro, em contrapartida, quase sempre se mostra diferente do que pensávamos; sim, também o passado foi diferente, de modo que, no todo:, ambos tem menos importância do que nos parece,. Pois a distância que torna os objetos pequenos para a visão, faz com que se tornem grandes para o pensamento. Unicamente o presente é verdadeiro e real: ele é o tempo efetivamente realizado, e é exclusivamente nele que reside nossa existência. Por isso, deveríamos sempre considera-lo digno de uma acolhida alegre e, assim, conscientemente desfruta-lo como tal em todo o momento suportável e livre de adversidades e dores imediatas, ou seja, não o obscurecer com expressões amuadas devido a esperanças fracassadas no passado ou inquietações quanto ao futuro. Pois é completamente insensato rechaçar um bom momento presente ou arruina-lo intencionalmente por causa de decepções do passado ou inquietações com o porvir..."
"Os únicos males futuros que podem justificadamente nos inquietar são aqueles que são certos e cujo momento de ocorrência também e certo. No entanto, esses são muito poucos; pois os males são ou simplesmente possíveis, no máximo prováveis , ou são certos; mas seu momento de ocorrência é completamente incerto. Se nós deixarmos envolver por esses dois tipos, não teremos mais nenhum instante de sossego. Portanto, para não perdermos a tranquilidade de nossa vida devido a males incertos e indeterminados, precisamos no acostumar a considerar os primeiros como se nunca fossem ocorrer, e os segundos como se certamente não fossem ocorrer em breve."