Antes que eu me esqueça, gostaria de agradecer ao Paulo pelos chats, podcasts e outros conteúdos disponibilizados na área de psicologia. Em especial, os chats sobre alta performance e propósito foram sensacionais. E ao Bastter pela palestra “saia da inércia e comece a fazer coisas”. Sensacional.
Voltando ao post, sempre me considerei uma pessoa altamente produtiva, capaz de tocar vários projetos simultaneamente e obter excelentes resultados em cada um deles fazendo o que considero ser o básico:
1 - Analisar as demandas que recebo;
2 - Priorizar as tarefas mais importantes;
3 - Fazer uma tarefa de cada vez, a partir da mais importante, com foco, concentração, atenção.
Entretanto, de uns dois anos pra cá me sinto como um “procrastinador produtivo”, se é que isso existe.
A questão é que por vezes me pego procrastinando cronicamente, mas ainda assim consigo entregar bons resultados. Só que o esforço, o tempo e a energia empreendidos para entregar esses resultados têm sido cada vez maior. Com isso, me sinto cada vez mais sobrecarregado, minhas tarefas estão cada vez mais atrasadas, novas demandas se acumulam rapidamente. Tudo isso me deixa cada dia mais estressado, ansioso e preocupado, refletindo na má qualidade do meu sono diariamente.
Comecei então a refletir sobre as causas da minha aparente queda de produtividade. E sinto que em vários momentos estou procrastinando. Mas não é aquela procrastinação trivial de passar horas batendo papo, lendo e-mails, mensagens no Whatsapp, assistindo TV, Youtube, redes sociais etc. Pelo contrário. Estou sempre trabalhando. Sempre ocupado. Mas sinto que nem sempre estou fazendo aquilo que realmente deveria estar sendo feito, aquilo que realmente é importante.
Na minha autoanálise, sinto que essa procrastinação tem 3 fatores principais.
1 - Perfeccionismo
Em primeiro lugar, sinto que parte dessa procrastinação vem do meu perfeccionismo. E não estou falando de perfeccionismo naquele sentido já tão batido que muitos usam como uma qualidade disfarçada de defeito para se promover numa entrevista de emprego. Pelo contrário. Estou falando de perfeccionismo no sentido de um vício, de uma doença que gostaria de me livrar. Indo mais a fundo, talvez esse perfeccionismo tenha a ver com o medo de errar, de ser julgado ou responsabilizado por algo mal feito, etc.
Devido a esse perfeccionismo, a esse medo de errar, muitas vezes me pego procrastinando uma decisão importante. Fico planejando, analisando riscos, pensando em tudo o que pode dar errado e não decido. Fico inerte. A tal da paralisia por análise. Não tomo nenhuma ação. Vou deixando pra depois. Aí no limite, quando uma decisão que era importante e tinha um prazo relativamente tranquilo pra ser tomada vira uma urgência, acabo decidindo de qualquer forma, às pressas. Simplesmente vou lá e faço.
O perfeccionismo também me faz sentir medo do desconhecido e ficar na zona de conforto. Por fim, às vezes me pego deixando de fazer aquelas tarefas mais estratégicas, resolver aqueles problemas que ninguém resolveu, que tendem a gerar maior valor, por não me sentir tão confiante ou capacitado para fazer. Aí fico me “ocupando” com as demais tarefas operacionais. Que são necessárias e precisam ser feitas por alguém mas poderiam, por exemplo, ser delegadas.
2 – Achar que dou conta de tudo
Outra coisa que me faz procrastinar tarefas e decisões importantes é achar que dou conta de tudo. Não consigo dizer “não” para novas demandas nem delegar as demandas já existentes.
Com isso, à medida que as demandas vão aparecendo, eu vou listando tudo numa planilha de itens a fazer. Quando menos espero, a montanha de tarefas pendentes aumenta exponencialmente. Muitas delas vão ficando urgentes. Aí deixo de fazer aquilo que era importante e começo a fazer o que nem era tão importante, mas ficou urgente. Ou deixo de fazer aquelas tarefas que poderiam agregar mais valor para fazer aquelas tarefas de ocupação do dia a dia.
3 – Achar que tenho responsabilidade por todo o processo
Por fim, outro ponto que me faz procrastinar é achar que tenho responsabilidade por todo o processo de trabalho. Normalmente, cada projeto tem várias fases. E cada pessoa ou grupo de pessoas é responsável por uma fase. É como uma corrida em equipe em que cada corredor passa o bastão para o próximo. O problema é que quando chega a minha vez, ao invés de simplesmente focar na minha responsabilidade, seguir em frente e passar o bastão adiante, eu acabo verificando todas as fases anteriores para conferir se está tudo certo. Se por um lado, isso é bom para a confiabilidade do processo de trabalho, por outro, é um fardo enorme pra mim. E o pior é que ninguém exige que eu confira as fases anteriores. Faço isso “proativamente”, como medo de propagar um erro de fases anteriores para as fases seguintes.
Escrevi esse post mais como uma forma de organizar minhas ideias, colocando-as no papel. Mas se alguém tiver algo a contribuir, compartilhar, com intenção de ajudar, será de grande valia.
Bom final de semana!