O homem mais rico do mundo está inquieto. Ele tem foguetes, tem bilhões, mas não tem Marte. Tantas coisas à disposição, e ainda assim, sente-se frustrado por não pôr os pés no planeta vermelho.
Enquanto isso, a cantora mais famosa do Brasil, que vive com um pé em cada fuso horário, mal tem tempo de sentir o cheiro do café local. Ela voa de país em país, mas nunca consegue saborear, com calma, as miudezas de um só lugar.......
E que dizer do bilionário paquistanês? Com todos os destinos ao alcance, ele quiz mergulhar 3.800 metros para visitar o Titanic......
Mas veja bem, essa inquietação não é exclusividade dos bilionários.
Assinei o Spotify. Cem milhões de músicas, o mesmo preço que eu pagava por um CD duas décadas atrás. Cem milhões! E, ainda assim, fico aflito, rolando a tela sem conseguir escolher uma só para ouvir....
Na Netflix? a história é a mesma: milhares de filmes e nada parece certo. Por isso, assinei Amazon Prime, Disney+, Star+, Paramount... e, entre tantas plataformas, sigo sem encontrar "aquele" filme.
No YouTube, TikTok e afins? Mesma história.........
E nem vou falar da TV a cabo: 700 canais e nada. Nada! Rsrsrs.
A verdade é que nunca tivemos tantas opções ao alcance das mãos. E, paradoxalmente, nunca sentimos tanto o vazio....
Isso me fez lembrar da primeira vez que fui ao cinema. Era simples. Pegamos o ônibus rumo ao centro da cidade (shopping Nem existia) – e fomos rindo e conversando no caminho. Não escolhemos o filme; o filme é que nos escolheu. Quando saímos, chovia. Corremos pelas ruas, rindo como crianças, até o ponto de ônibus. Foi inesquecível.....
Talvez a falta de escolhas tenha nos dado mais história para contar.
E assim seguimos, com as aflições desse tempo presente: um mundo inteiro ao nosso alcance, mas uma saudade imensa de quando menos era mais.
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