Long story short: minha namorada viciou em jogos de tigrinho, se endividou MUITO e agora está prestes a ficar com o nome sujo.
Long story: em dezembro do ano passado, depois de muitas brigas e problemas com o pai, e dificuldade para conseguir um financiamento (não aceitou minhas sugestões de morar de aluguel comigo para juntarmos o dinheiro, pois aluguel seria "dinheiro jogado fora"), a minha namorada, em uma crise de ansiedade e desespero, resolveu jogar no tigrinho para conseguir o dinheiro de comprar o apartamento à vista e poder sair de perto do pai.
Infelizmente, como esperado, perdeu dinheiro. Muito dinheiro. Não me disse o valor total ao certo, nem ela sabia, mas além do que ela tinha guardado, usou vários cartões de crédito que ela tinha, e só de dívida ficou devendo algo próximo de uns 90K. Me contou na véspera de Natal, quando estávamos sozinhos, e a única coisa que fiz foi acolher ela e dizer que iria ficar tudo bem, que dinheiro a gente recupera, não era o fim do mundo. Dei 30K para ela (o restante ela tinha pegado emprestado com uma tia e feito empréstimo para pagar antes de ter me contado) e, como ela estava mal de ficar perto do pai, perguntei se queria morar comigo e meus pais, com quem ela tem uma relação muito melhor.
Em janeiro ela já morava com a gente, imaginei que tudo melhoraria. Marcou psicólogo, psiquiatra, tudo caminhando para ficar mais tranquilo. Eu ajudava ela a pagar as dívidas, as várias parcelas que ela havia feito de empréstimo. Em fevereiro ela me conta que jogou novamente, perdeu mais 12K. O problema não era só o lugar que ela estava.
Eu a acolhi, disse que ficaria tudo bem. Comecei a incentivar ela a praticar esportes, passamos a caminhar e depois correr todos os dias de manhã. A alimentação dela era muito melhor, mais saudável. Terapia semanal, psiquiatra todo mês, o ambiente era outro, tudo para agora ela se controlar. Mas o financiamento (e a vontade de comprar o próprio apto) ainda não tinham sido liberado, dessa vez possivelmente pelas compras altas que fez no cartão.
No começo de abril, 2 meses se exercitando e em um ambiente menos estressante, resolvemos finalmente ir para o aluguel, já que o financiamento não dava certo. Poucos dias depois que tomamos essa decisão, ela me acorda de madrugada, em mais uma crise de ansiedade, dizendo que queria ir embora, porque eu não merecia passar por aquilo. Ela tinha jogado novamente uns dias atrás, perdido mais 20K.
Como das outras vezes, não tive nenhuma reação negativa com ela, apenas a acolhi e a acalmei. Mas fiquei muito mais triste do que nas outras vezes, pois agora, com atividades físicas, boa alimentação e ambiente, imaginei de verdade que não teríamos mais isso. Ela prometeu que não faria mais.
A corretora entrou em contato poucos dias depois, falando que o financiamento tinha sido liberado, e como imaginei que poderia ser esse o problema, deixei ela fazer sem toda a argumentação que eu sempre fiz de que não era uma boa ideia. Agora eu só queria que ela parasse de perder dinheiro no jogo.
Nos mudamos há quase um mês para o novo apartamento. Na semana passada ela chegou triste, chorando, e eu já imaginava o que viria em seguida: no trabalho dela, ficou muito mal, quase tinha sido atropelada depois de, pela manhã, ver um cara morto de um acidente e "querer que fosse ela". Mesmo tomando os remédios que o psiquiatra passou, mesmo tendo acabado de sair da terapia que foi mais cedo naquele dia, mesmo lembrando da promessa que me fez, jogou novamente. E perdeu mais 40K. Agora com uma dívida de financiamento que não pode deixar de pagar, senão o banco leva o apartamento embora.
Eu, no total, dei ela algo próximo de 100K. E ainda temos pelo menos uns 80K de dívidas de jogo dela. E sem garantia nenhuma de que isso não vai acontecer de novo (foram pelo menos 4 vezes em 6 meses, e uns 200K ou mais jogados fora). Não somos pessoas que ganham muito, nossa renda líquida mensal juntos não passa de uns 13K. Infelizmente, decidi que não poderia continuar ajudando financeiramente. Eu desfiz da minha reserva de emergência toda e uma parte muito significativa da minha renda fixa para que ela pudesse ficar bem e não fizesse nenhuma loucura ainda pior, mas acho que vou acabar me afundando com ela se eu não parar.
Estamos pensando em deixar a dívida sem pagar, e o nome dela consequentemente ficar sujo. Está muito longe de ser o que gostaríamos, mas infelizmente ficou fora de controle. Sou o único que sabe disso tudo que ela está passando, não contou pra mais ninguém (fora os profissionais com que está se tratando). Fizemos agora vários controles extras, como deixar bancos em outro celular que ela não tem acesso, só quando está comigo, colocamos aquele controle de pais, para ela não conseguir acessar site nenhum sem antes eu liberar o acesso. É bem triste, sinto que estou tirando muito da liberdade dela, mas infelizmente parece ser necessário, ainda que por um tempo.
Espero que ninguém aqui tenha passado por algo parecido, mas se tiverem alguma sugestão do que podemos fazer, tanto sobre deixar ou não o nome negativar, quanto em relação ao controle disso, é um bom momento para ouvir.
E claro: não joguem e nem sequer pensem em jogar. Isso vai destruir você e quem estiver próximo.