Trecho retirado do “Investidor Inteligente” com críticas ao famoso gráfico do Siegel, sobre rendimentos de ações no longo prazo batendo “de longe” outros investimentos. Achei interessante, pois reforça ainda mais a importância da diversificação em valor.No fundo, parece que o texto foi colocado ali para gerar “parcimônia” com o Oba oba e falácias em relação a uma carteira quase toda baseada em ações, pois “ela rende mais que qualquer coisa no longo prazo e ponto final”.
”Há um erro fatal no argumento de que as ações sempre ganharam dos títulos no longo prazo:não existem dados confiáveis para o período anterior a 1871.Os índices utilizados para representar o rendimento inicial do mercado acionário contêm apenas sete, isso mesmo sete, ações.Em 1800,no entanto, havia cerca de trezentas companhias nos Estados Unidos(muitas das quais envolvidas com equivalentes históricos da internet:estradas e canais de pedágio) muitas quebraram, levando seus investidores a perderem até as calças.
Porém,os índices de ações ignoraram todas as companhias que quebraram naqueles primeiros anos,um problema tecnicamente conhecido como viés de sobrevivência.Portanto,esse índices exageram tremendamente os resultados obtidos pelos investidores na vida real,os quais não tinham a percepção perfeita para saberem quais sete ações comprar.Uma quantidade pequena de companhias,incluindo Bank of America e J.P Morgan Chase, prospera continuamente desde a década de 1790.No entanto,para cada tal sobrevivente milagroso existem centenas de desastres financeiros como a Dismal Swamp Canal Co, a Pennsylvania Cultivation of Vines e a Snicker’s Gap Tumpic Co.,todos omitidos dos índices de ações históricos.
Os dados de Jeremy Siegel mostram que, descontada a inflação, as ações renderam 7% ao ano,os títulos 4,8% ao ano e as obrigações de curto prazo 5,7%,entre 1802 e 1870.Porém,Elroy Dimson e seus colegas da London Business School estimam que o rendimento das ações anteriores a 1871 foi exagerado por,pelo menos,02 pontos percentuais ao ano.
Na vida real, as ações tiveram desempenho semelhante ao dinheiro e aos títulos, e talvez um pouco melhor.Qualquer um que diga que o registro a longo prazo “comprova” que as ações sempre superarão os títulos ou o dinheiro é um ignorante.”