Como lidar melhor com minha namorada ao ponto que também não me prejudicar psicologicamente.
comentada em 11/05/2023 12:12

postado por @Albion em 05/03/2023 16:50

Sei que esse post já ficou no passado, mas como eu só encontrei agora porque estava precisando, imagino que outros possam precisar também, então fica aqui o meu relato:

Eu terminei uma relação de 2 anos, há 5 meses, com uma mulher que suponho fortemente ter este transtorno (normalmente possuem comorbidades, os transtornos se interpolam) e ainda estou sofrendo feito cão.

Como de costume nesses casos, uma mulher linda, altamente sensual, sexo incrível, a intimidade e os laços se formam rápido, você se sente o homem mais sortudo do mundo e sente que encontrou sua alma gêmea. Os "red flags" estão por todos os lados, mas não queremos enxergar porque não queremos perder aquela maravilha, a mulher dos sonhos. Até que começa virar pesadelo. O drama constante, as manipulações, as desvalorizações, triangulações, tratamentos de silêncio, tentativa de te isolar de todos ao redor, gaslightning, agressões sutis ao meu filho, pais, amigos, enfim, uma roda gigante de emoções, a maior loucura que alguém possa viver num relacionamento amoroso. Sua alegria vai embora, sua saúde também. Você pensa em sair dali, em terminar, em fugir, mas está muito preso na relação, já investiu muito e pior, está viciado no ciclo de morde e assopra que os ciclos abusivos criam (trauma bond), tem uma enorme sensação de insegurança causada pela já citada sedução camuflada a outros homens e o medo de que a pessoa vá se machucar (fica clara essa tendência que possuem).

Foram muitos términos e reconciliações, muitas agressões verbais, ameaças, perseguições, até que resolvi insistir no último grande término, mantendo firmemente minha posição e realizando o "contato zero", que por incrível que pareça é o procedimento recomendado pelos profissionais de saúde mental para estes casos, bloqueando essa pessoa em absolutamente tudo. Por sorte, estava mudando de casa exatamente naquele mês, pois caso contrário ela bateria na minha casa na madrugada, como fez outras vezes. Essas pessoas, sobem até de rapel na sua janela se tiverem a oportunidade, não te esquecem nunca, e não deixam você ir embora, querem te manter no abuso para sempre. É preciso muita firmeza na decisão, o abuso continua mesmo após o término, que é o que tem acontecido comigo, pois apesar do bloqueio total, eu ainda não consegui me libertar totalmente dessa história (amei ela profundamente), e acabo lendo a caixa de spam. São dezenas de mensagens ameaçadoras, agressões e coisas horríveis e de vez em quando aparece uma mais amena, ainda ruim, mas menos agressiva, que mexe com a minha saudade, paixão, pena, enfim, todos os traços que fazem um codependente permanecer como vítima deste tipo de relacionamento. É a insistente tentativa de "hoovering" que eles fazem, com a intenção de te aspirar de volta para a relação ou para algum outro tipo de abuso. Estou resistindo, não reajo (que é do que se alimentam essas pessoas, qualquer reação, boa ou ruim), estou fazendo tratamento e trabalhando para não mais precisar ler a caixa de spam e me libertar completamente disso.

Mas é muito duro. Apenas quem já passou por isso sabe o que é. Os conselhos de todos de "cai fora correndo" são corretos e incentivadores, mas é importante que as pessoas saibam que não é simples como parece, relações tóxicas e abusivas são muito complicadas e o tratamento é quase como para se livrar do crack, o poder de manipulação dessas pessoas é impressionante, o andar em ovos, enfim, uma verdadeira loucura.

Assim, caso alguém lendo esta mensagem esteja passando por algo semelhante, saiba que realmente não é fácil, mas fique no caminho de manter os seus limites, não aceitar mais insultos e agressões e seguir o protocolo de "contato zero" firmemente sem olhar pra trás e principalmente, de que há mais pessoas vivenciando esse tipo de relação. Normalmente as mulheres são vistas como as grandes vítimas de relações abusivas (e são mesmo), e os homens acabam sendo negligenciados. Já existe um olhar no mundo para isso, mas ainda é pequeno.  Uma rede de apoio de familiares, amigos e terapeutas também é essencial.  Estudar um pouco sobre os transtornos do Cluster B (borderlines, narcisitas, histriônicos, sONciopatas e psicopatas - sim, são todos do mesmo espectro) também ajuda a reforçar o entendimento pelo o que estamos passando, porque enquanto não mergulhei mais profundamente neste mundo, achava que tratava-se apenas de diferenças e discussões "normais" no relacionamento, aceitava as culpas (aliás eles são incapazes de assumir qualquer culpa, por isso não fazem tratamento).

No fim, é muito triste. Digno de pena mesmo, uma mulher linda, cheia de qualidades, poderia ser uma história romântica muito feliz (trazia a lua pra ela, fazia planos para me casar com ela - tudo acontece muito rápido com estas personalidades por conta da manipulação e da insegurança que eles nos causam). Mas basicamente, tudo era uma mentira. A pessoa se molda à você, parece a alma gêmea, mas faz parte do transtorno, a verdadeira face está por trás da máscara, e aparece durante as fases abusivas dos ciclos.

Por fim, por mais triste que pareça, estas pessoas em geral até sabem que seus comportamentos, em especial nos relacionamentos afetivos, são inadequados. Tanto que em outros ambientes, como o profissional, conseguem em muitos casos (como no meu), se controlar muito bem. Mas a dor de assumir a culpa e buscar tratamento é tão grande que é mais fácil projetar tudo no outro e fazer esse circo todo.

Queria que fosse verdade que a pessoa pudesse se conscientizar e que a relação fosse possível e saudável, mas como diz o Bastter, "a realidade é melhor do que qualquer ficção".

postado por @darthtrader em 27/03/2023 10:59

Existe comorbidade psicológica ?  Ou alguma comorbidade que altera o psicológico ?  Surgiu essa dúvida pelos relatos.

postado por @Bastter em 07/01/2020 13:29

guest sim, mas cada um tem suas doenças e problemas
nos tb
nao podemos descriminar, eliminar da sociedade
quem se trata tem vida proxima do normal
mas quem eh totalmente normal?

postado por @FilipeLM em 29/03/2023 18:59

As pessoas não mudam. Não existe forma de moldar o outro, nem com tratamento. O tratamento é um paliativo que muitas vezes sequer tem repercussão real sobre o relacionamento amoroso. Uma pessoa com boderline é e sempre será alguém não confiável, pois são extremamente dissimulados. A distância sempre é a melhor solução.

postado por @DBanner em 26/03/2023 18:01

Poxa, eu faço terapia há 2 meses. Motivo? A minha namorada que conheci 5 meses atrás me recomendou e eu cheguei com o discurso de "quero ser um namorado melhor porque eu sou emocionalmente muito instável". Pedi ajuda para um amigo meu, que é psicólogo. Na época eu tinha contado de um caso em que nós estávamos conversando, rindo e etc. Eu fiz um comentário meio torto (que nem foi indelicado na verdade) para explicar um argumento meu e do nada virou briga. Ele tinha falado "uh, talvez isso seja um caso de borderline". Eu achei que fosse só um termo, não um diagnóstico. No fim ele me passou o contato da minha atual psicóloga e 3 dias atrás veio essa palavra de novo. 

Claro que não dá pra diagnosticar alguém por meio de um terceiro mas tudo que eu ouvi de relato aqui, em livro da Linehan e do que a minha psi me passou, foi tudo se encaixando  de uma forma absurda pra mim. Os swings de humor, sexualidade, jogar a culpa em cima de todos, as narrativas, outras comorbidades, etc etc. E a partir de sexta que eu comecei a me sentir "ah, então não sou só eu que tô passando por isso"

Bom, eu tô atualmente no ponto de pedir pra pessoa ir se tratar. No caso dela no mínimo tem uns traços de borderline mas tenho a impressão (pode ser só eu me enganando) de que o caso da minha atual namorada não seja tão grave. Só que não é tão simples assim: eu tenho livros e livros baixados pra ler sobre, já preparei, mentalizei, roteirizei e revisei a conversa que pretendo ter amanhã. Esse fato do borderlinezismo veio como adicional para mim. Eu já pretendia ter essa conversa porque gente com essa síndrome (não sei o nome correto) tem e age com muita raiva até em momentos de completa leveza e era isso que eu pretendia abordar. Inclusive acho que é o discurso que eu vou seguir porque se eu disser que é doença eu vejo fácil fácil essa conversa virando pra "vc tá me chamando de doente mas você você você".

Uh, não sei. Se a conversa caminhar bem e eu tiver abertura eu vou comentar sobre beeeem superficialmente. Hahaha. É pisar em ovos que fala, né? Bom, boa sorte pra mim. Logo mais eu retorno sobre como foi. Eu vou tranquilo para essa conversa graças à terapia, à vocês, ao material que eu encontrei na internet e a mim também que me dispuz a aprender e tentar. Se ela aceitar se tratar: maravilha. Se negar: eu não vou ficar validando padrões de adoecimento. Afinal, o primeiro prejuízo é o menor deles

postado por @DBanner em 26/03/2023 18:01

Poxa, eu faço terapia há 2 meses. Motivo? A minha namorada que conheci 5 meses atrás me recomendou e eu cheguei com o discurso de "quero ser um namorado melhor porque eu sou emocionalmente muito instável". Pedi ajuda para um amigo meu, que é psicólogo. Na época eu tinha contado de um caso em que nós estávamos conversando, rindo e etc. Eu fiz um comentário meio torto (que nem foi indelicado na verdade) para explicar um argumento meu e do nada virou briga. Ele tinha falado "uh, talvez isso seja um caso de borderline". Eu achei que fosse só um termo, não um diagnóstico. No fim ele me passou o contato da minha atual psicóloga e 3 dias atrás veio essa palavra de novo. 

Claro que não dá pra diagnosticar alguém por meio de um terceiro mas tudo que eu ouvi de relato aqui, em livro da Linehan e do que a minha psi me passou, foi tudo se encaixando  de uma forma absurda pra mim. Os swings de humor, sexualidade, jogar a culpa em cima de todos, as narrativas, outras comorbidades, etc etc. E a partir de sexta que eu comecei a me sentir "ah, então não sou só eu que tô passando por isso"

Bom, eu tô atualmente no ponto de pedir pra pessoa ir se tratar. No caso dela no mínimo tem uns traços de borderline mas tenho a impressão (pode ser só eu me enganando) de que o caso da minha atual namorada não seja tão grave. Só que não é tão simples assim: eu tenho livros e livros baixados pra ler sobre, já preparei, mentalizei, roteirizei e revisei a conversa que pretendo ter amanhã. Esse fato do borderlinezismo veio como adicional para mim. Eu já pretendia ter essa conversa porque gente com essa síndrome (não sei o nome correto) tem e age com muita raiva até em momentos de completa leveza e era isso que eu pretendia abordar. Inclusive acho que é o discurso que eu vou seguir porque se eu disser que é doença eu vejo fácil fácil essa conversa virando pra "vc tá me chamando de doente mas você você você".

Uh, não sei. Se a conversa caminhar bem e eu tiver abertura eu vou comentar sobre beeeem superficialmente. Hahaha. É pisar em ovos que fala, né? Bom, boa sorte pra mim. Logo mais eu retorno sobre como foi. Eu vou tranquilo para essa conversa graças à terapia, à vocês, ao material que eu encontrei na internet e a mim também que me dispuz a aprender e tentar. Se ela aceitar se tratar: maravilha. Se negar: eu não vou ficar validando padrões de adoecimento. Afinal, o primeiro prejuízo é o menor deles

postado por @FlyCavok em 16/04/2023 04:04

Cara eu acho o seguinte. Vc é engenheiro. Sua cabeça é regida pela lógica. Então para, respira e pensa.

Pq vc quer que dê certo ? Depois de tudo vc ainda quer que dê certo e o motivo é.... ?

Achou que ela iria mencionar borderline la e dar um clique na cabeça do psicólogo? A mera presença da palavra? 

Acho que vc tem que pensar o que vc realmente quer da vida, pq até então eu tinha entendido que vc descobriu um grave problema na sua vida e tava procurando uma saída do relacionamento, mas pelo visto vc tá agarrado a ele ainda.

Foi o que falei. Nem sabia que existia borderline, mas no meu caso eu acredito sim que minha ex era. Tem muita característica idêntica. Foi difícil terminar, foi duro. Cara eu sou super hiper determinado. Quando eu quero algo eu foco 100%. Tenho stoploss para as coisas da vida, mas é bem tolerante. 

Quando meu stoploss executou e eu caí fora do relacionamento, na primeira semana foi uma bosta, mas na segunda foi um alívio tão grande que não sei explicar.

Tem que ver se seu caso é apego, vc tá preso ainda. Ou se tem mais caroço no angú aí 

postado por @FlyCavok em 16/04/2023 04:22

Outra coisa, ninguém aqui vai poder te dizer que vc tá certo apenas ouvindo seu lado.

Pensa que o psicólogo dela só ouviu ela. Vc tá atacando ele aí mas não sabe se foi isso mesmo que ele falou ou se veio distorcido, ou se o input de informação que ele recebeu dela a seu respeito o levou a pensar isso. É tanto se... 

Mas usando puramente a lógica vou te falar 2 coisas:

1. Vc parece não saber o que quer ou está muito apegado ainda.

2. Vc tá muito afetado pela opinião alheia. Teu post foi 100% afetação. 

Respira. Pensa. E usa a lógica. Vc é engenheiro. Vc sabe usar a lógica muito bem. 

Então pense, respire e decida o que quer da vida. 

Toda decisão traz perdas e ganhos. Não adianta focar só no que vai perder, como também não adianta focar só no que vai ganhar.

Pare, pense, respire e decida usando o cortex pré frontal e não o estômago.

Boa sorte ! Tamo junto 

postado por @defenestrar em 16/04/2023 15:55

DBanner cara voce esta fazendo terapia? Porque pelo que voce esta narrando se nao estiver fazendo talvez fosse positivo para voce comecar. Se ja estiver fazendo é so levar essas questões do teu relacionamento pro teu terapeuta para ele te ajudar a se organizar quanto a isso. 

postado por @Paulo em 17/04/2023 07:34

DBanner
Todo vez que me perguntam do que eu acho de pessoa X ou Y, eu respondo a mesma coisa:

"Eu não faço psicomagia, eu não tenho como avaliar pessoas que eu nunca vi"

Quando eu preciso por motivos diversos fazer apontamentos do que me foi escrito de alguém:

"Olha, SUA descrição da pessoa é bastante complicada. A descrição que você faz é de uma pessoa XYZ, MAS EU NÃO SEI.

Se a pessoa abrisse a porta do meu consultório e me batesse eu apanharia sem saber de quem e sem saber pq.

Eu estou avaliando a pessoa, estou dizendo algo sobre o que você descreve dela".
E o que eu recomendo é o mesmo, se vocês estão se tornando avaliadores um do outro, já tem algo errado.

E pelo que você ta descrevendo, você deveria cuidar de você antes de tentar cuidar dela.

Parece que não tá sobrando nem para você.

postado por @DBanner em 16/04/2023 06:31

Quero que dê certo porque eu amo essa pessoa. A segunda pergunta é difícil de responder, sendo sincero.

Achei que ela fosse começar terapia com um novo psicólogo, não voltar com um antigo que "já deu alta até" mas ela "gosta de ir lá" e esse alerta (sendo falso, ou não) pudesse direcionar as coisas para um lugar de melhora, não transferir o ônus pra mim porque não tem nada de errado com ela nesse nível

Na verdade eu não tinha ideia do quão preso eu tô nesse relacionamento. Ainda não tenho. Eu tenho esperança de que ela pode criar consciência quanto a isso e tentar trabalhar nesse sentido. Mas vc pode implorar e bater na porta o quanto quiser. Ela só abre por dentro. Triste

postado por @Albion em 11/05/2023 10:56

DBanner, passei por essa armadilha também. Achei que amava a minha pessoa abusiva. Isso não é amor é vício em crack. E a saída é a mesma, conscientização do vício, parar com a droga (terminar + desaparecer - contato zero), desintoxicação (processo difícil, por vezes longo, com recaídas e muita ruminação, mas com força e persistência vence esta que é a fase mais importante), luto, aceitação e cura.

Enquanto ficamos em negação (eu amo, ela não tem transtorno, eu que sou o problema, enfim...), não dá pra dar o primeiro passo.

Coragem! Não se desvalorize. Não aceite que seus limites sejam ultrapassados. E o mais importante: existem 8 bilhões de pessoas no planeta, porque você fica sofrendo enquanto há tantas outras possibilidades de pessoas saudáveis que podem realmente lhe fazer feliz? Isso é co-dependencia e precisa de terapia. Cuide de você. Ela é adulta e tem sim responsabilidade sobre suas ações. É natural deste tipo de relação um vínculo paternal, onde cuidamos/nos preocupamos com a outra pessoa como se fosse um filho(a). Não é! É uma pessoa adulta e um relacionamento afetivo. Quando tudo se mistura (natural nestes relacionamentos) fica essa sensação de responsabilidade e de que é amor. Isso não é amor. Amor é outra coisa, é leve e construtivo. Amor é a outra pessoa se preocupar com os seus sentimentos, cuidar de você. Seja forte e tome as rédeas da sua vida.

Esses dias, ainda estudando sobre o assunto, ouvi uma terapeuta falando sobre os contos de fada. Aquelas figuras narcisistas como a rainha da branca de neve, se transformam em algo doce para atingir os seus objetivos, mas nunca se curam no final da história, sempre se mantém fiéis a sua natureza. Os verdadeiros heróis são humildes e bondosos em sua essência, como o sapo que na verdade escondia um príncipe. Esses são os verdadeiros heróis das histórias. Apenas uma analogia, para pararmos com a negação, para buscarmos o que realmente tem valor na vida e não esse monte de lixo.

Que você saia dessa logo, quanto antes melhor. Você só pode salvar uma pessoa nesta relação: você mesmo.