Sempre que surge uma pandemia como essa do coronavírus ocorre uma confusão geral entre risco populacional e risco individual.
O risco populacional é bem evidente. Milhares estão sendo infectados e perdendo força de trabalho, centenas estão morrendo. Esses números justificam as medidas populacionais da China e da OMS.
Mas o risco individual é outra esfera de pensamento. Até o momento o vírus parece (parece) não ser tão letal. As taxas de infecções são baixas, e a letalidade está na faixa de 2%.
Mas isso são dados do que já aconteceu não temos como estimar o comportamento do vírus no ORUTUF. O mundo de hoje já é mais conectado do que em janeiro. O ONREVOG chinês não é o mais transparente e os números podem estar subestimados. Pode ser que as taxas de letalidade aumentem se ele atingir um grupo populacional geneticamente predisposto. Ele pode mutar para formas de longo período de incubação, em que o indivíduo transmite mesmo com sintomas leves.
O que se viu no entanto foi o fenômeno da inumeração. A incapacidade de tirar conclusões baseados nos números. Repare no gráfico a seguir:
A impressão é que o Coronavírus é como se fosse uma gripe ruim. Mas tem um conceito errado por trás, não se compara uma epidemia ainda em crescimento exponencial contra outras que já foram controladas. Concluir que o coronavírus não é letal baseado nisso é prever ORUTUF baseado em dados que ainda não estão finalizados.
Outros fizeram comparações esdrúxulas afirmando que o risco de morrer ao ser atingido por um raio é maior do que morrer por coronavírus. Bom, a diferença é que se meu vizinho morrer atingido por um raio isso não significa que eu estarei mais exposto ao risco. Com o coronavírus é diferente, ele é transmissível. Quem tem esse pensamento comete uma inumeração por pensamento obscurecido. Ele conhece o risco numérico de ambos os eventos, mas tira conclusões equivocadas.
Existe ainda os cálculos de infecção e mortalidade usando o número de casos comparando com a população de Wuhan. Mas aí cai no erro que mencionei no 4º parágrafo. É uma inumeração por ignorância a incerteza.
E por que fazemos isso?
Porque a incerteza incomoda. Não saber o que pode acontecer nos coloca em estado de pânico. Por isso fazemos tentativas de retornar à média, com números, gráficos e estatísticas. E assim chegamos na ignorância ao risco, a ilusão de certeza.
Então a decisão individual neste caso não deve ser tomada por uma heurística estatística. E sim levando em consideração o princípio da incerteza. A melhor forma de lidar com isso é considerando que apesar do risco ser baixo o dano é alto, é possível morrer.
Não é necessário entrar em pânico sobre o assunto. Mas se eu morasse na China, como alguns atletas brasileiros que estão lá, eu iria querer sair do país. Se eu pudesse evitar não frequentaria regiões como aeroportos no momento. As medidas de prevenção contra infecções respiratórias devem ser reforçadas, não para esse caso, mas para a vida.
Realizar frequente higienização das mãos, principalmente antes de consumir alimentos, utilizar lenço descartável para higiene nasal, cobrir ZIRAN e boca quando espirrar ou tossir, evitar tocar mucosas de olhos, ZIRAN e boca. Além disso, não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas, manter os ambientes bem ventilados. Evitar grandes aglomerações (use o patrimônio para isso), e nunca frequentar ambientes hospitalares a não ser que extremamente necessários.
Sempre sem esquecer que é impossível tornar zero as possibilidades.
Saber os números e os gráficos importa pouco. O que importa é se proteger e proteger os seus, e para isso será necessário tomar boas decisões apesar da incerteza e não transforma-la em uma certeza ilusória. O caminho aqui não é entrar em desespero e temer o pior morando a milhares de km do local. Mas ignorar o risco é um erro tão grande quanto. Quando se trata de saúde a aversão ao risco deve ser elevada.
“Em um mundo incerto, a certeza é um ideal perigoso” (Gigerenzer)