Eu me lembro, em algum momento, de ter visto o Bastter mencionar que justiça, como conceito, não existe, e que não deveríamos nos preocupar tanto em fazer ou buscar justiça. Claro, posso estar equivocado e o Bastter está mais do que à vontade para corrigir essa lembrança se ela estiver errada. Estou resgatando isso da memória sem referências concretas.
Esse pensamento parece estar relacionado também à ideia de evitar recorrer a instituições judiciais ou aos famosos "processinhos" como solução para nossos problemas. Porém, neste tópico, não quero discutir a justiça como instituição ou poder estatal. Quero abordar a justiça de forma mais ampla, como um conceito aplicado em nossas vidas cotidianas e em nossas decisões pessoais.
A Questão Principal: Até Onde Devo Ser Justo?Sabemos que a vida é, muitas vezes, injusta. Enfrentamos dificuldades, desafios e, muitas vezes, situações que estão fora do nosso controle. Nessas horas, somos constantemente incentivados a sermos resilientes, a lidar com essas situações sem nos perdermos. Mas, quando se trata de nossas próprias ações e decisões, até onde devemos buscar ser justos? Será que ser "justo ao máximo" é sempre o melhor caminho?
Não estou falando aqui de ações de caridade ou de ajudar o próximo — que são, por si só, nobres. Refiro-me às pequenas atitudes e escolhas do dia a dia que, de alguma forma, impactam os outros ao nosso redor. Para deixar isso mais claro, compartilho alguns exemplos:
Exemplo 1: Sou dono de uma empresa e sei que meu gerente, que toca o negócio praticamente sozinho, está roubando dinheiro da empresa. Apesar disso, o retorno que ele traz para o negócio é tão grande que não sinto vontade de agir contra ele. Ainda assim, me questiono: estou sendo injusto com os outros funcionários, que se dedicam e trabalham arduamente sem cometer deslizes?
Exemplo 2: Tenho uma implicância pessoal com uma pessoa, por motivos emocionais ou de desentendimento. Por conta disso, acabo ignorando ou desmerecendo todas as qualidades e virtudes que essa pessoa possui, deixando de ser justo em minha avaliação sobre ela.
Exemplo 3: Sou responsável por liderar uma equipe e, frequentemente, acabo delegando as tarefas mais desafiadoras para dois funcionários específicos, porque sei que eles farão um ótimo trabalho. No entanto, me pergunto: estou sendo injusto com os outros membros da equipe, que poderiam se desenvolver e crescer enfrentando esses desafios?
Esses exemplos não são necessariamente da minha vida e ilustram dilemas reais em que buscamos equilíbrio entre nossas decisões práticas e a busca por justiça no cotidiano.
Diante desses dilemas, surge a dúvida: o quanto devemos nos preocupar em ser justos? É necessário ponderar se a busca constante por justiça não pode se tornar um fardo ou, pior, uma barreira para decisões práticas e eficazes. Ao mesmo tempo, ignorar a justiça em nossas atitudes pode causar ressentimento e prejuízo às relações ao nosso redor. O que vocês acham?