Cônjuge de diplomata - trabalho, rotina, etc
comentada em 04/02/2025 12:26

A dúvida jurídica é bem específica, infelizmente não posso te ajudar com ela. Se o pessoal não te ajudar, depois tento fazer uma pesquisa para não te deixar no vácuo.

Sobre a parte prática dos relacionamentos, é uma profissão que tende a exigir realmente bastante deslocamento e acaba dificultando um pouco a profissionalização do cônjuge. Ter tempo de serviço no exterior é requisito para ser promovido na carreira.

Há também um componente político forte e é preciso ter muita atenção com a exposição pública, tanto do próprio diplomata quanto da família. O diplomata representa o Brasil e qualquer fuga da normalidade, por assim dizer, tem impactos na carreira.

Tenho uma amiga diplomata e um amigo que queria ser diplomata, mas acabou desistindo bem perto de entrar. No caso do meu amigo, a desistência teve relação justamente com a perspectiva de família que ele tinha. No caso da minha amiga, na época ela estava 100% focada no crescimento profissional. Perdi contato com ela depois de uns anos, não sei como ela está hoje.

Se você for servidora pública, é um pouco mais fácil porque há a possibilidade de remoção para acompanhar cônjuge e recentemente o STF decidiu que o princípio da proteção familiar assegura a possibilidade de exercício provisório no exterior de servidor cônjuge de diplomata. Na prática, depois da pandemia muitos órgãos têm liberado o trabalho remoto no exterior de servidor nessas condições.

No caso da iniciativa privada, é preciso ver quão flexível é o seu trabalho nesse aspecto.

No Brasil você vai ter bastante liberdade para fazer o que quiser. Só que vc não vai ficar muito tempo aqui. Vão morar 6 anos fora e voltar para ficar 1 aqui, depois 3 anos fora e voltar para ficar um aqui, e assim sucessivamente... Ficar no Brasil deixa de ter caráter de definitividade e se torna a exceção.

Meu amigo diplomata narra uma sensação forte de desenraizamento. A tendência é que o conjuge se adapte ou trabalhando a distância ou trocando de emprego a medida que surge a necessidade de mudança. Também existe o caso de quem fica por conta apenas de cuidar da casa, tanto homem quanto mulher. Mas é uma carreira com poucas mulheres.

se ele pretende ser diplomata
ele nao sabe responder estas perguntas?

@oxe sim, é bem específico, eu procurei antes de vir aqui e não tem muita informação. 

Meu trabalho é extremamente flexível, mas, principalmente depois de já ter trabalhado do Brasil para o exterior e trabalhado NO exterior, eu sei que sempre tem algum fator que complica (quando não é tributário, é de compliance, etc)

Obrigada pelo relato!

@tiozao_do_churrasco mas no caso da pessoa trabalhar a distância, a residência fiscal continua no Brasil? Ela paga seus tributos como se estivesse aqui? Isso que eu não entendi (no caso do diplomata, eu entendo que o país que resolve tudo pra ele, mas e quem está indo junto? rs)

Obrigada

@Bastter é muito raro o concurseiro que conhece bem como funciona o trabalho na prática. Até porque geralmente só quem trabalha lá conhece isso.

A parte jurídica ele provavelmente vai estudar em algum momento para prestar o concurso. Mas ela vai estar junto de uma infinidade de outros conteúdos e certamente ele não vai dominar todos. Não surpreende de forma alguma que ele só vá descobrir alguns detalhes desses depois de entrar.

@Bastter ele falou comigo faz poucos dias (já tinha falado sobre a possibilidade antes, mas nunca de forma concreta), então estou tentando fazer uma pesquisa prévia pra entender qual seria o impacto pra mim antes de conversar com ele.

Como ele sempre foi funcionário público aqui, imagino que ele não considerou essas questões tributárias.
Acredito que o que ele pensou sobre o meu profissional foi que eu já trabalho remoto, tenho diploma no exterior, e já trabalhei várias vezes pra empresas de fora com fuso diferente, então não teria problema.

@dan_b

Até onde sei, não tem uma regra especial para o cônjuge. Entra na regra geral de brasileiro morando no exterior. Mas eu não sou especialista, então posso estar errado e depois vou pesquisar pra te responder.

Esses detalhes tributários vão depender de vários fatores, mas em regra depois de 12 meses morando no exterior (ou antes, se você fizer a declaração de saída definitiva), você se torna não residente fiscal aqui no Brasil e passa a obedecer à regra do país onde estiver. Além disso, os investimentos no Brasil se tornam mais complicados.

Quanto ao compliance, até onde sei também não há qualquer óbice especial para o trabalho do cônjuge.
Dá uma olhada aqui que tem muita coisa:

Investidor Não Residente - Resultados de uma Pesquisa que Fiz - Stocks - Bastter.com

@dan_b Oi, Dan. Eu tenho uma conhecimento "intuitivo" dessa área pq já atendi algumas dezenas de diplomatas.

Os cônjuges podem sim ter empresa. Os diplomatas e familiares mantém toda a "brasileiralidade" morando fora. Pode ter empresa e paga imposto normal.

Trabalhar NO país em que está depende da legislação do país (se eles dão visto de trabalho para conjuges) e se trabalhar, a tributação também depende dos acordos.

Mas se você trabalhar como nutricionista atendendo online para sua empresa no Brasil será o normal. Deve ter algum país que tributa qualquer atividade, mas deve ser exceção, ainda assim a fiscalização seria muito difícil especialmente de fiscalizar diplomatas.

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Existem casais com vida de acompanhante, tem gente que trabalha e vive a vida normal.

O que acontece é que mudar constantemente é sofrido para todo mundo. Montar e remontar vínculos constantemente dá trabalho, é enfadonho. Então, eles acabam se relacionado entre si e com os próprios grupos de trabalho.

Não é uma causalidade, é só um caminho de menor esforço, especialmente quando a parte que está acompanhando a viagem tem que abandonar a vida que tinha no Brasil.

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Não eles não pagam a escola, mas pagam muitas coisas. Eu não vou listar aqui como funciona, mas diplomatas no exterior ganham o suficiente e tem outros auxílios que permitem uma vida bastante confortável. Inclusive é por isso que boa parte deles tenta ficar o máximo de tempo possível fora do país.

Lógico que existem limitações, em postos A as escolas e o custo de vida são mais caros, nos postos B e C as coisas fluem melhor.

Nunca vi ninguém ficar impedido de colocar 1, 2 ou 3 filhos nas escolas que focam em famílias internacionais, ou nas escolas do públicas do país. Não é barato, mas também não falta. Perde de um lado, existe ganho do outro lado.

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Isso é só a minha experiência geral conversando com as pessoas que eu atendi, não diz respeito a vida de ninguém, nem uma opinião minha sobre a carreira. Só quis descrever o que eu vejo.

Da minha faculdade um colega virou diplomata e outro começou a estudar e desistiu.

Morar fora é melhor pois ganha uns auxílios que ultrapassam bastante o que recebem na "tabela" da carreira. Então todo mundo quer ficar fora porque ganha bem mais. Dinheiro não tende a ser problema p o pessoal que mora fora.

Diplomata é funcionário público normal. As restrições dos funcionários públicos, via de regra, não se estendem aos cônjuges. Claro que tem os limites 'não formais', mas éticos. Tipo vender serviços pra o órgão que o cônjuge trabalha, etc.

Se vc tem a possibilidade de trabalhar com "base" e empresa no Brasil, eu acho melhor. É complicado sair entendendo e se adequando às normas de cada país maluco que tiver por aí. País maluco eu falo pois normalmente quem chega por último não senta na janelinha. Vai logo pra Bangladesh, Nepal, Mongólia, etc. 

Eu uma época tentei a carreira diplomática, fiz cursinho e a prova, mas desisti, não só por ser bem difícil, especialmente para quem cai de para-quedas como eu, mas também por este lado pessoal / familiar, o @oxe e os demais já falaram tudo mas é uma carreira em que as pessoas tendem a "viver para o trabalho", e com grande envolvimento político e com políticos - fatores que pesaram muito para mim. 
O que lembro de conversar com o pessoal era isso, a família sofre muito em todos os aspectos, tanto pelos deslocamentos constantes como pelo rodízo de países, pois também tem que servir em países micos, com infra-estrutura precária, perigosos, etc.
Não sei se ele já tem este sonho faz tempo, mas a gente costuma fantasiar uma realidade bem mais confortável e elitizada do que é a realidade da diplomacia.

A diplomacia tem aspectos políticos e uma natureza política forte na sua constituição, inclusive por seguir uma estrutura hierárquica bem rígida baseada na estrutura militar, mas viver politicamente a diplomacia é opcional. Assim como quem trabalhar para o legislativo que é 100% politica. Da para ter uma vida totalmente afastada da política se você quiser.

Lá dentro você pode construir uma carreira muito tranquila, buscar essas coisas maiores. Cada um com seu cada qual.

Concurso de diploma é o seguinte: você se mata de estudar e passa.

Expectativa: morar nos Estados Unidos ou em algum país europeu.

Realidade: descobre que após a concurso de remoção interna só sobraram vagas no Irã, Iraque, burkina faso...

Também não é assim sobre a remoção. Se você quer a remoção na data que você quer, do jeito que você quer, acaba aceitando o que for. Muitas vezes esses países são países "pedágio" e quem vai para eles tem prioridade de escolha pra postos A, então muita gente vai mirando em algo maior depois.

É difícil ir para um posto maravilhoso na Europa, mas existem centenas de vagas em consulados, e embaixadas em países de postos menores que você pode viver muito bem.

Eu nunca vi ninguém ser obrigado, sem nenhuma outra alternativa a ir para um posto complicado. O que eu já vi era gente querendo progredir na carreira e aceitar um posto desses pq era onde tinha o cargo que ele queria.

O que eu já vi mais de uma vez que é muito complicado é a pessoa estar em um país e iniciar um conflito no local, mas dá-se jeito.

ADB - Início
Procure a Associação e Sindicato dos Diplomatas Brasileiros.

Na verdade, essa questão de morar em lugar ruim, do pedágio que o Paulo citou e de, com tempo de casa, conseguir lugares melhores, é comum na maioria dos concursos mais de topo.

A diferença é que diplomata pode acabar morando nos melhores lugares de países ruins, enquanto um servidor de carreira nacional pode morar em lugares péssimos do próprio Brasil.

Aliás, por essa razão desisti lá atrás de prestar concurso para uma carreira nacional que era meu objetivo a princípio. A partir de certo momento da vida, fica difícil aguentar esse começo de uns 3 a 5 anos morando em lugar ruim e de uns 10 até morar em lugar genuinamente bom.

postado por @Paulo em 03/02/2025 13:13:03

Também não é assim sobre a remoção. Se você quer a remoção na data que você quer, do jeito que você quer, acaba aceitando o que for. Muitas vezes esses países são países "pedágio" e quem vai para eles tem prioridade de escolha pra postos A, então muita gente vai mirando em algo maior depois.

É difícil ir para um posto maravilhoso na Europa, mas existem centenas de vagas em consulados, e embaixadas em países de postos menores que você pode viver muito bem.

Eu nunca vi ninguém ser obrigado, sem nenhuma outra alternativa a ir para um posto complicado. O que eu já vi era gente querendo progredir na carreira e aceitar um posto desses pq era onde tinha o cargo que ele queria.

O que eu já vi mais de uma vez que é muito complicado é a pessoa estar em um país e iniciar um conflito no local, mas dá-se jeito.

Interessante @Paulo, não sabia disso. Achei que fosse iqual a maioria dos demais concursos. Quando passei na Receita Federal, o pessoal do concurso de remoção pegou as "melhores cidades". Só sobrou os lugares que ninguém queria. Como você está entrando, ou pega esses lugares ou perde a vaga.

Eu acho que pra querer diplomacia tem que querer muito a profissão e o estilo de vida que ela exige, financeiramente tem outras carreiras melhores dentro do próprio executivo federal, além de que o estudo exige anos de preparação especifica para ele e tem que saber alguns idiomas. 
Meus amigos diplomatas são felizes porque almejavam isso, mas a mais recente deles está morando atualmente em um país africano com pouca infraestrutura.

No seu caso é topar acompanhar e viver essa vida, restrição legal por parte do governo brasileiro não sei de nenhuma.

Diplomata "começa" no Brasil e tem que ficar alternando entre Brasil e exterior.

Sendo que em regra quem tá num lugar ruim depois tem acesso a lugar bom e quem tá em lugar bom depois tem que ir pra lugar ruim.

Aí tem um monte de regra sobre o tempo mínimo e máximo em cada lugar.

Pelo que acabei de ver, isso tá nos artigos 42 em diante da lei deles:

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11440.htm

Posto A é bom, Posto D é ruim.

postado por @Mineiro88 em 03/02/2025 13:09:57

Concurso de diploma é o seguinte: você se mata de estudar e passa.

Expectativa: morar nos Estados Unidos ou em algum país europeu.

Realidade: descobre que após a concurso de remoção interna só sobraram vagas no Irã, Iraque, burkina faso...

Muita gente acha que é uma "agência de viagens" e depois pesquisando a fundo percebe que não é bem assim e desiste. Acho que foi essa a situação de um de meus amigos que desistiu. Ele tava na vibe de aprender Francês e achou que ia morar em Paris.....kkkk

postado por @Mineiro88 em 03/02/2025 13:25:13


Interessante Paulo, não sabia disso. Achei que fosse iqual a maioria dos demais concursos. Quando passei na Receita Federal, o pessoal do concurso de remoção pegou as "melhores cidades". Só sobrou os lugares que ninguém queria. Como você está entrando, ou pega esses lugares ou perde a vaga.

Na diplomacia você pode não querer ir, daí fica em BSB. A questão é que em BSB ganha o salário lá da tabela e lá fora o salário da tabela a pessoa nem mexe, pois com os auxílios que recebe vive-se muito bem sem precisar de nada do salário formal e ainda sobra.

@Paulo muito obrigada pelo seu relato, me ajuda muito a esclarecer algumas coisas.

Lembrando que, pra mim, isso é só uma análise informal preliminar, principalmente pra eu ver diferentes pontos de vista, já que eu não tenho exposição a esse nicho.

E ainda está longe de se tornar realidade, mas eu acho importante ter uma noção geral, até pra saber se seria ou não viável pra mim (ex: ter como única opção de carreira ser "esposa de diplomata", no meu caso, não seria aceitável)

Até onde sei quem trabalha a serviço do Brasil no Exterior não precisa fazer saída definitiva no IR, declara como se estivesse morando no BR, pelo menos na minha profissão (militar) é assim que funciona, e paga IR somente sobre 25% do valor recebido

@alemao_ isso na área militar isso se aplica a família também?

A vida é o que acontece enquanto fazemos planos para o futuro...

Acho que ta muito cedo pra pensar nisso. Mas voce pode fazer o que quiser. O melhor mesmo é resolver o problema se algum dia ele existir.