Vi há pouco uma publicação de um usuário aqui do site no qual é dito pelo autor que ele basicamente guia sua carteira por meio dos cachorrinhos coloridos do site, e que nem sabe direito o que as empresas que estão na carteira dele fazem. Obviamente o cidadão foi criticado, mas pensando bem...
Sendo pouco advogado do diabo aqui, quem realmente precisa saber o que a empresa faz pra poder investir nela? Digo... Por óbvio que escolher empresas pelos cachorrinhos é burrice, isso é unânime (deveria), mas tem algum problema mesmo em não saber o que as empresas fazem? Pra nós, meros mortais, é preciso saber isso?
Imagine um teste cego no qual centenas de pessoas versadas no básico de análise fundamentalista ensinada aqui no Bastter e que focam no Pareto (Lucros Consistentes, Geração de Caixa, Dívida controlada, ON's com liquidez, tempo de empresa e/ou IPO) analisam diversas de empresas sem saber o nome delas, nem ramo, nem atividade, com acesso somente aos dados contábeis da mesma e podendo assim montar sua carteira. Ao lado, um grupo com a mesma quantidade de pessoas similarmente versadas em análise, mas que contam também com informações como nome, ramo, atividade e qualquer outro dado do tipo.
Qual a chance de que o grupo que tem conhecimento adicional sobre nome, ramo e atividade escolha ativos diferentes que o primeiro grupo, de forma que essas novas informações façam alguma diferença prática na análise e resultem em maior patrimônio no longo prazo?
Posso estar errado, mas particularmente, acredito que pouca.
Pra maior parte de nós, leigos em assuntos de finanças, macroeconomia, estratégia empresarial e afins, conhecimentos do tipo "o que a empresa faz" são, na melhor das hipóteses, "cosméticos", no sentido que não têm utilidade real na tomada de decisão. Na pior das hipóteses, servirá de um apoio falso, no qual muitos cairão na ilusão de que entendem alguma coisa, mas vão na verdade se embananar com as informações, com coisas talvez do tipo "Ah, essa empresa faz Y, mas por causa de [insira aqui uma justificativa baseada totalmente no achismo de previsões do que não pode ser previsto com eficácia nem por pessoas extremamente especializadas, muito menos por um leigo] vai perder muito mercado daqui alguns anos, então não sei se é uma boa investir..." e que vai muito mais atrapalhar a construção de uma carteira robusta do que ajudar, e então vão terminar com menos patrimônio que os outros que não perdem tempo c/ isso.
MORAL DA HISTÓRIA: Assim como N.N. Taleb diz, é necessário separar o conhecimento cosmético, que parece útil mas só serve pra enfeitar discurso, do conhecimento real, que possui utilidade prática na tomada de decisão. Algumas informações são, para a grande massa como nós, puramente cosméticas, ou ainda falsamente "reais". Vamos cuidar pra não perder tempo e dinheiro com detalhes inúteis sobre coisas que ACHAMOS que entendemos, ou pior ainda, que achamos que os outros vão entender por nós, ao invés de focarmos no simples e funcional.