De forma simples e clara:
1) Comprar o que está mais para trás dá mais patrimônio que comprar toda carteira;
2) Carteira diversificada também tem potencial de dar mais patrimônio que "all in" em algo, mesmo que esse algo específico seja o "melhor" de um conjunto.
Os testes:
Nas 4 primeiras colunas podemos ver, comparando esses dois primeiros pares, como a compra do que está mais para trás pode trazer mais resultado em carteiras idênticas do que a compra de toda carteira.
O que se falava para fazer muitas vezes por simplificação na verdade tende a dar um resultado superior. Comprem o que estiver mais para trás.
Primeiramente com IBOV + CDI. Já mostra ganhos comprando 1 coisa só por vez.
Mas IBOV é lixo. Então tentei pensar em uma carteira que faria algum sentido nos anos 2000. Peguei as principais empresas do índice que tem ações até hoje sem falir, sem OPA, etc (quando troca de dono mas continua mesmo histórico ficou, como Banespa -> Santander). Claro que o resultado seria melhor em uma carteira com menos lixos, mas é para simular uma carteira qualquer típica da época, tem 2 elétricas questionáveis, tem 1 siderúrgica, VALE e PETRO que todos tinham, etc. Não é para ser a melhor carteira do mundo, é só uma carteira de exemplo que se pareça bastante com uma carteira típica de 12 ações.
A questão não é a carteira em si, podia pegar qualquer carteira, mas o exemplo: dá mais resultado comprar 1 ativo por vez de 12, do que todos os 12 todos os meses.
Nas colunas finais partimos da carteira de ações para colocar outros tipos de ativos e ver o efeito.
Notem o seguinte fenômeno:
CDI puro: R$830k
Carteira de 12 ações pura: R$1.060k
Os dois juntos: R$1.071k
Ou seja, foi adicionado um ativo que sozinho é PIOR, mas que causou um efeito benéfico na carteira devido ao método: ao comprar o que está mais para trás acabava comprando RF nos topos de bolsa, e voltava a comprar bolsa quando caía.
E a última coluna:
12 Ações + CDI: R$1.070k
SPY (etf S&P500): R$976k
Tudo junto: R$1.102k
Novamente o mesmo fenômeno! SPY em R$ sozinho entregou menos que a carteira de 12 ações + CDI, mas ao ser colocado como pedaço de uma carteira mais ampla ele ajudou a ampliar o resultado. Isso aconteceu com amplos aportes no SPY quando dólar estava abaixo de 2. E isso tudo automático, o investidor não precisaria saber quanto estava o dólar, a ordem de comprar exterior "barato" vem naturalmente e automaticamente.
Eu notei esse fenômeno ano passado, dentro das histerias e volatilidade das eleições. Momento de euforia, bolsa subindo, dólar 3,50, aporte era indicado lá fora. Momento de pânico, bolsa despencando, dólar perto de 4,00, aporte era indicado em ações BR. Pura e simplesmente uma alocação eficiente sem ter que saber o preço de nada. Só seguir o plano de comprar o que está mais para trás.
Obviamente que com uma carteira de ações no exterior o resultado seria melhor que usando SPY, eu o peguei apenas para exemplificar. Poderia ainda adicionar REITs, FIIs e tesouro IPCA+ no lugar de CDI para botar mais pimenta na análise, mas o objetivo é só mostrar um conceito, não estou montando carteiras recomendadas.
Além de dar mais retorno, o desvio das variações patrimoniais mensais advindas de cotação (descontando o aporte do mês) foi reduzido nas carteiras mais diversificadas. Mas não trago o número pois desvio de retornos é irrelevante para o pequeno investidor.
Infelizmente os dados no Brasil são ruins para estender isso param muito mais tempo. O ideal seria poder analisar até 30-35 anos em diferentes pares (diferentes inícios e finais). Imagino que a diferença fique ainda maior.
Conclusão final: diversificação aumenta retorno no buy and hold passivo que compra o que está mais para trás.
AVISO AOS BURROS: sim, tem 490 mil coisas que poderiam ser melhores no estudo, quem for sugerir mudanças já posta aí o .csv dos dados e vamos fazer juntos. Eu gostaria de fazer o estudo de 1820 na bolsa do rio até hoje, se alguém tiver dados da BVRJ e de renda fixa de lá até hoje posta aí.