Na Live de hoje, o Bastter deu um exemplo onde ter duas empresas, uma que vai à falência e outra que sobe 1000% (ele usou outro valor, mas pra simplificar), faria a gente ter 900% de retorno.
Porém, pensando aqui, isso não me parece ser o número real, porque isso parte do princípio que foi aportado o mesmo valor na Empresa A e na Empresa B.
Vou criar um cenário com 2 empresas pra simplificar, mas poderia ser várias em uma carteira diversificada.
Supondo que a gente invista 10 mil reais por ano (sempre tudo em janeiro pra facilitar), por 10 anos, até que a Empresa A vá a falência e a Empresa B valorize 1000%. Vamos ter investido 120 mil reais no total, mas não teremos investido 60 mil em cada.
Motivo:
Para a Empresa B chegar a 1000%, e a Empresa A não chegar, a Empresa A valorizou menos que a B, ou seja, o patrimônio desbalanceou. Assim, os aportes foram sendo feitos na Empresa A de acordo com a tentativa de balanceamento do BS. Porém, a empresa A pode ter andado de lado, descido ou subido pouco, sempre menos que a B, fazendo os aportes serem feitos sempre na Empresa A.
Por exemplo
Ano 1:
Empresa A - R$5000 (50% do patrimonio)
Empresa B - R$5000 (50% do patrimonio)
Empresa B valoriza 100%
Empresa A anda de lado
Temos
Empresa A - R$5000 (33.3% do patrimonio)
Empresa B - R$10000 (66.6% do patrimonio)
Ano 2:
Agora, dos R$10000 do aporte anual, 75% vai pra empresa A porque ela está atrás
Empresa A - Novo aporte de R$7500 - Total R$12500 (50% do patrimonio)
Empresa B - Novo aporte de R$2500 - Total R$12500 (50% do patrimonio)
Empresa B valoriza 100%
Empresa A anda de lado
Temos
Empresa A - R$12500 (33.3% do patrimonio)
Empresa B - R$25000 (66.6% do patrimonio)
Ano 3:
Agora, dos R$10000 do aporte anual, 100% vai pra empresa A, e ainda sim não vai alcançar a Empresa B nunca.
Daqui pra frente, todo o aporte vai pra Empresa A.
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Com isso, dos R$120000 aportados, seriam R$7500 aportados na Empresa B (que valorizou 1000%) e R$112500 investidos na Empresa A, que virou pó.
Os R$7500 viraria R$75000 com o rendimento de 1000%, mas a carteira como um todo, considerando o total investido, teria uma perda de 50%.
É claro que, aos sinais da Empresa A começar a perder fundamentos (o que pode demorar pra acontecer), a gente pararia de investir nela.
Claro também que quando estamos falando de 1 empresa ruim em meio à várias boas, isso não acontece nesse nível.
Porém, não ficou muito claro pra mim o perigo de continuar aportando em uma empresa que demora pra se mostrar ruim (embora não seja possível prever isto).
No fim, a diversificação salva!