Imagine que você tivesse que lançar uma moeda 100 vezes, necessariamente. Para cada CARA, você ganharia 10 mil e para cada COROA, perderia 5 mil.
Nesse cenário, a chance de perder dinheiro é de apenas 0,04%, já que seria necessário dar coroa mais de 66x. A proposta, por ser estatisticamente vantajosa, parece difícil de existir na vida real, mas
o mercado de ações, no longo prazo, funciona exatamente sob esta lógica vantajosa. Isso nada mais é que convexidade, no mercado a perda não passa de zero (-100% do capital), em detrimento de chance de ganhos com percentuais infinitos (+n%).
Cara e coroa vamos substituir por
longo prazo e curto prazo.
Lançamentos agora vamos pensar como
anos investidos.
Dados:- S&P500
- 1976 a 2021
- Janelas móveis de 10, 20 e 30 anos
JANELA DE 10 ANOS: na pior janela de todas, a de 10 anos, o investidor perdeu ~6%aa (pega 2000-2010 com duas grandes crises). Já na melhor, o retorno foi de 17% ao ano. Ainda assim, a chance de retorno negativo foi pequena, sendo apenas 572 janelas das 11917 possibilidades. O maior número de ocorrências foi de um retorno anual entre 9% e 10% ao ano (barra mais longa).
Reparem na curva na forma de sino com caudas longas e como ela vão encolhendo conforme a janela de tempo aumenta. Vamos alargar a janela para 20 anos.
JANELA DE 20 ANOS: o desfecho mais desfavorável seria um aumento de apenas 2% anualmente, ainda assim positivo, enquanto o desfecho mais favorável seria um crescimento de 15% ao ano. Podemos observar, uma vez mais, que a faixa com maior frequência de ocorrências foi de 9% a 10%aa. Cauda já encurtou. Não houve retorno negativo. Vamos para 30 anos.
JANELA DE 30 ANOS: essas janelas foram as mais vencedoras, apresentando um retorno mínimo de 6% ao ano (na pior das hipóteses, mas ainda assim positivo) e um retorno máximo de 10% ao ano.
Não há possibilidade de obter retornos negativos, sendo o resultado mais provável um retorno entre 8% e 9% ao ano.
Se o investidor aportou recorrentemente (mensal ou anualmente), em qualquer uma das janelas mencionadas, a chance de ter um resultado negativo diminui significativamente, quanto mais o tempo passa. O Backtesting tomou por base a bolsa americana em USD. S&P é preferível em estudos muito longos pq:
1- O cenário econômico lá é estável por um período muito mais longo que o nosso;
2- Não houve troca maluca de moeda como aqui (réis, cruzado, cruzeiro, cruzado novo etc);
3- As taxas de juros são significativamente menores do que a SELIC e portanto distorce menos;
4- S&P é mais longevo que o IBOV.
etc.
No entanto, a título de curiosidade, esses seriam os resultados para o Ibovespa desde 1976: - Janela de 10 anos: pior retorno de -1% ao ano e o melhor foi de 942% ao ano. A média foi de 211%.- Janela de 20 anos: pior retorno de 8% ao ano e o melhor foi de 311% ao ano. A média foi de 152%.- Janela de 30 anos: pior retorno de 54% ao ano e o melhor foi de 178% ao ano. A média foi de 133%.
Resultados para o Ibovespa ajustado após a criação do Real (fim de 94)
- Janela de 10 anos: pior retorno fica em -1% ao ano e o melhor em 30% ao ano, com a média de aproximadamente 12%aa. - Janela de 20 anos: pior retorno é de 6%aa e o melhor fica em 17%aa com uma média próxima de 11%aa.Os dados comprovam que investir em ações se assemelha à nossa hipótese de lançamento de moedas, onde um dos lados (longo prazo) possui uma vantagem estatística considerável sobre o outro (curto prazo). Ao realizar apenas um ou poucos lançamento (curto prazo), há uma probabilidade elevada de perder dinheiro. No entanto, se realizarmos um número suficiente de lançamentos da moeda (anos e mais anos investidos), a chance de perder dinheiro se aproxima de zero.
Resumindo, seja na gringa ou aqui, o resultado é o mesmo:
QUANTO MAIS LONGO O PRAZO, MAIS A CHANCE DE PERDA TENDE A ZERO.