O texto abaixo foi escrito pelo usuário @oxe no post
#NOVIDADE - Mudanças SUPER #PAS - açoes - Bastter Blue - Bastter.comEu acho um texto fenomenalmente bom, mas que está em um tópico que o assunto não é esse. Então para fins dessa contribuição a comunidade não se perder (especialmente por quem usar a busca, é bem fácil passar batido), vou repostar aqui
"Eu usava esse critério daí do celti [é discutivo analisar a divida conforme o setor, um pouco antes] antes (3x dívida líquida/EBITDA), mas eu alongava menos pelo segmento e mais pelo histórico da empresa. Se ela sempre operou alavancada e ainda dava lucros bons, é do modelo dela. Claro que no fim era uma questão de segmento também, mas eu não via necessidade de botar um limite fixo, o limite era mais da própria empresa (ou seja, se ela fugia muito do próprio histórico, acendia o alerta).
Mas hoje em dia eu acho que não vale mais a pena olhar isso porque é muito fácil de terem distorções pontuais. Por exemplo, a empresa tá lá operando alavancada como sempre (ou não), aí pega uma dívida mais alta pra, sei lá, uma aquisição. Teria que ver break even, alongamento da dívida, juros da dívida comparado com TIR, etc. Ou então o indicador sobe porque o EBITDA teve queda, aí tem que olhar o motivo, se é não recorrente, etc. Enfim.
Com o tempo, cheguei à conclusão de que simplesmente não vale a pena ter esse trabalho todo numa carteira muito diversificada. Você tem lá uns 100, ou mais, ativos de renda variável, mais RF, reserva de valor, etc. Digamos que umas 5 ou 6 empresas vão ter essa dívida bem acima do normal, cada uma por seu próprio motivo e exigindo sua própria análise particular. O impacto potencial dessa dívida na geração futura de caixa simplesmente não vale o trabalho e o risco do acompanhamento. No caso, o risco de errar na análise, que não é desprezível.
Eu cheguei a essa conclusão enquanto analisava alguns REITs que sempre operavam absurdamente alavancados e ainda assim tinham bons retornos, bom FFO/share. Eu não investiria em alguns deles e no entanto eles tavam lá, dando muito retorno mesmo cheios de dívida.
Na minha cabeça atual, dívida é só mais um instrumento da gestão. É problema dela. Analisar dívida pra mim, hoje, é como olhar o custo do jatinho da empresa ou da remuneração dos executivos. É minúcia que pode, ou não, ter impacto, mas no fundo tanto faz desde que a empresa tenha resultado. Claro que a escala do impacto da dívida pode ser (e geralmente é) maior, mas a essência me parece ser a mesma.
Não acho que é papel do investidor acompanhar os instrumentos de que a empresa se utiliza pra gerar resultado (inclusive dívida), pois quase sempre ele não tem conhecimento suficiente pra opinar de maneira informada sobre a eficácia desses instrumentos. A análise do pequeno investidor é reativa: ele analisa os resultados apresentados dentro de um histórico. Empresas com um bom histórico de resultado tendem a saber gerar esses resultados, utilizando-se dos instrumentos eficientes a cada momento (dívida ou outra coisa). Então tanto faz como ela gera o dinheiro, até porque provavelmente não é de um jeito só ao longo dos anos. Só importa que o dinheiro entre.
Pra mim, essas outras coisas aí só têm importância de um ponto de vista psicológico, de deixar o investidor confortável de continuar investindo, de gerar tranquilidade. E aí, como qualquer coisa psicológica, é inteiramente pessoal. "