Precisava reformar um apartamento para alugar.
Tenho um carro velho na garagem, em bom estado, todo regularizado, que não uso mais.
Tenho um pedreiro de confiança que sempre faz um serviço honesto e bem feito.
Ele me fez a seguinte proposta: ao invés de eu pagar a obra com dinheiro, transferiria o meu carro para o seu servente de obras. O pedreiro não ia cobrar nada, pois o servente é uma pessoa humilde e muito trabalhadora e ele queria premiá-lo.
Quanto ao material da obra, o servente iria pegar os cartões de crédito de toda a família e parcelar a compra em diversas prestações.
Ficou combinado que no dia da conclusão da obra, dia 22 de março, eu iria com o servente ao cartório de notas reconhecer a firma no CRV (vulgarmente conhecido como DUT), documento este que guardei por 16 anos.
Aqui no RJ estão começando a implementar um sistema eletrônico de transferência de veículos, mas quem tem o antigo documento pode ainda usar.
Conferi a obra, estava tudo bem feito e fomos ao cartório para eu fazer a transferência. O servente estava ansioso, pois toda a família o esperava para comemorar a chegada do carro.
Como na cidade em que tenho este imóvel, não tenho nenhum cartório de confiança, nem firma reconhecida, resolvi escolher qualquer um.
Entrei no primeiro que vi. Comecei a preencher o documento de transferência e começou uma confusão no cartório. Resultado, olhei 9 no documento e preenchi 7.....
Acabei tentando acertar e ficou com um aspecto esquisito de rasura.....
O cartório não quis nem reconhecer a firma, pois disse que aquilo era rasura e o DETRAN ia gongar...
Fui em dois postos do Detran e falaram que não tinha jeito......
Tinha que começar um novo procedimento que envolveria uma nova vistoria e novos procedimentos administrativos.
Contratei um despachante para conseguir celeridade e calculei que talvez em menos de dez dias conseguisse fazer a transferência do carro.
Marcou a vistoria para hoje, dia 26.
Não tive cara de não entregar o carro para o servente. O cara trabalhou semanas e fez divida com um dinheiro que não tinha para conseguir o carro. Eu ia me sentir muito mal se aquele cara não saísse com o carro, no dia combinado, qual seja, dia 22.
Claro que lembrei das palavras do Bastter a respeito de venda de carro, mas.....
No entanto, aquilo que estava encaminhado, foi atropelado, no meio do caminho, por um Decreto Estadual suspendendo todas as atividades no RJ, inclusive o DETRAN.....
A minha vistoria foi suspensa.
Resultado, a regularização da transferência irá demorar mais de um mês para ser efetivada.
Tanto eu quanto o servente iríamos ficar desprotegidos quanto ao mencionado negócio.
E eu ainda tenho o agravante de que mesmo neste período de "lock down" continuarei indo trabalhar, mesmo sendo obeso e hipertenso, pois a minha função é essencial.
Diante disto, fiz um contrato com recohecimento de firma minha e do servente e encaminhei comunicando a venda, por carta com AR, para o DETRAN RJ, com cópia para o CONATRAN, Ministério do Desenvolvimento Regional e DENATRAN.
Alguém tem mais alguma idéia ?
E que venham as voadoras.....